Folha de S. Paulo


Avenida Paulista terá caminhada lésbica neste sábado em São Paulo

A avenida Paulista, em São Paulo, será palco neste sábado da 11ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de São Paulo, um dos eventos que antecede a 17ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontece no domingo (2).

A concentração acontece a partir das 12h30 no vão livre do Masp (Museu de Artes de São Paulo). A caminhada percorrerá a avenida Paulista, a rua Augusta e terminará por volta das 17h na praça Roosevelt, região central da capital paulista, onde haverá show da cantora Joana Flor e da Dj Barbara Deister entre outros até as 21h.

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A caminhada tem como objetivo a luta contra a violência, o preconceito, a invisibilidade de lésbicas e bissexuais e contra a discriminação sexista. O tema desde ano é "O Estado é laico! Construindo direitos, desconstruindo preconceitos: basta de lesbofobia!".

Segundo os organizadores do evento, "a ideia é abordar as diversas formas de negação de direitos que as mulheres lésbicas e bissexuais e, também, toda a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) de forma mais geral, estão enfrentando no contexto politico desse momento".

Nelson Antoine-09.jun.12/Fotoarena/Folhapress
Em 2012, manifestantes participaram da 10 ª Caminhada Lésbica na avenida Paulista, na véspera da Parada Gay
Em 2012, manifestantes participaram da 10 ª Caminhada Lésbica na avenida Paulista, na véspera da Parada Gay

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Leia a íntegra do tema desde ano:

Ao sair às ruas, chamamos atenção para o conjunto de práticas opressoras em relação às mulheres lésbicas como indivíduos, casal ou grupo social, cuja justificativa não encontra amparo nos princípios do estado laico de direito, mas, sim, em discursos religiosos e na tradição machista e patriarcal de nossa sociedade. Práticas que englobam preconceito, discriminação e abusos violentos. Opressão que se manifesta nas diversas esferas pessoais e sociais da vida de cada mulher, iniciando-se desde o ambiente familiar, que não permite a livre expressão das meninas ao cobrar delas comportamentos, gostos e pensamentos condizentes com o padrão heteronormativo.

Nossa sexualidade ainda é taxada como fetiche e erotismo. Somos alvos de constrangimento pela nossa vestimenta, que se não estiver de acordo com os ideais machistas, é passível de ridicularização ou assédio.

Ainda, precisamos sair às ruas em protesto para que possam nos enxergar como mulheres, como lésbicas e bissexuais, cujo desejo é inerente a cada uma e independente de outras experiências com homens. Nossa sexualidade não é baseada na falta do afeto masculino; não é baseada na negatividade do homem para conosco; passa longe de não ter "encontrado o homem certo". É a nossa vontade manifestada; é o nosso desejo exposto e autônomo. Num cenário conservador e moralista pelo qual nos encontramos, a heterossexualidade obrigatória continua a sustentar as bases do patriarcado.

O apagamento social, pelo qual nós lésbicas e bissexuais passamos rotineiramente, se reflete em variadas violações de direitos básicos, associadas à falta de acesso a bens e serviços em diferentes áreas, setores, segmentos, bem como à falta de acesso ou a não existência de políticas públicas referentes à geração de emprego e renda, a educação, saúde, cultura, assistência social, etc. E nós, lésbicas e bissexuais, continuamos em luta diária para o reconhecimento da nossa sexualidade e autonomia enquanto mulheres livres, como deve permitir e defender um Estado laico.

Lutemos então pela viabilização real da laicidade das políticas públicas!

ALTERAÇÕES

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) vai monitorar o trânsito na região da avenida Paulista para realização da caminhada lésbica. No sentido centro, os veículos poderão utilizar como alternativa a rua Bela Cintra e a rua da Consolação. Já no sentido bairro, a rua da Consolação poderá ser usada como alternativa.

Os itinerários de sete ônibus que circulam pela região onde haverá a caminhada serão alterados. Os pontos de parada de ônibus da rua Augusta não atenderão aos usuários em ambos os sentidos da via no horário do evento. Confira no site da SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal) as alterações das linhas e os novos trajetos ou entre em contato com o 156.

PARADA GAY

A Parada Gay acontece no domingo (2) e tem como tema "Para o armário, nunca mais! - União e conscientização na luta contra a homofobia!". Segundo a APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT), a frase escolhida é uma resposta à perseguição dos conservadores e, ao mesmo tempo, convoca a comunidade a se manter firme e esclarecida no combate à discriminação.

Na quinta-feira (30), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve no centro de São Paulo durante a 13ª Feira Cultural LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) e confirmou o aumento do efetivo da Polícia Militar durante a Parada. "Teremos perto de 1.800 policiais para dar toda segurança e tranquilidade à Parada Gay, é quase 50% a mais de força policial", disse.


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