Folha de S. Paulo


Adoção de monumentos não atrai empresas há três anos

Há três anos, nenhuma das 430 obras de arte da cidade de São Paulo que estão em um programa de "adoção" para a iniciativa privada consegue interessados.

Vinte e duas dessas instalações precisam de cuidados urgentes, como a "Velocidade, alma e emoção", feita em homenagem ao piloto Ayrton Senna, morto em 1994.

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O conjunto de obras conta com monumentos, estátuas, bustos, esculturas e painéis espalhados por São Paulo. As obras precisam de reparos, de restauração e de conservação devido à ação do tempo, da poluição e do vandalismo.

Como o poder público alega não ter recursos para dar conta do custo de manutenção de todo o patrimônio, foi criado, em 1994, o programa "Adote uma obra artística".

A iniciativa estimula empresas e cidadãos a se responsabilizar pela obra de arte, podendo exibir, conforme regra específica, um anúncio do patrocinador.

Como houve estagnação do projeto, o DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), ligado à Secretaria Municipal da Cultura, vai reformular a iniciativa e ampliar as possibilidades de adoção.

"Vamos mudar o conceito do programa para 'Adote um bem cultural' e prédios tombados e outras instalações também poderão ser contemplados", diz Nadia Somekh, diretora do DPH e presidente do Conpresp (conselho municipal do patrimônio).

Segundo Nadia,que é professora do Mackenzie, será criado um novo fundo financeiro para viabilizar recursos para o cuidado com as obras.

O dinheiro virá de multas de fiscalização aos imóveis protegidos e de outros fundos já existentes, como o Fundo de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural.

Não foi divulgada a perspectiva de valores a serem gerados. A verba atual é de cerca de R$ 10 milhões por ano.

"A fiscalização vai ser multiplicada nos próximos meses porque serão as subprefeituras as responsáveis pela aplicação. A ideia é ter recursos tanto para ajudar a recuperar obras como para auxiliar donos de bens tombados que alegam não ter condições de cuidar do patrimônio."

No novo modelo de adoção, grupos formados por moradores de áreas onde estão as obras poderão se juntar a empresas para assumir os cuidados de conservação.

Hoje, marcos como o Monumento a Duque de Caxias (1960), de Victor Brecheret, no centro, e a estátua do Índio Pescador (1928), de Francisco Leopoldo e Silva, na zona sul, estão sujos, danificados e parcialmente descaracterizados em suas estruturas.

Editoria de Arte/Folhapress

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