Folha de S. Paulo


Polícia Civil do Rio lança cartilha para pais combaterem pedofilia

A Polícia Civil do Rio de Janeiro lançou uma cartilha para que pais saibam como evitar que seus filhos sejam vítimas de pedofilia.

Em sete páginas, o texto, assinado pelo delegado Marcello Braga Maia, da DCAV (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima), alerta para as situações nas quais há risco de ocorrer abusos e dá explicações sobre a relação que os pedófilos travam com suas vítimas.

Veja a cartilha contra pedofilia

A principal orientação é que os pais mantenham um diálogo aberto com seus filhos, a fim de que a criança não tenha vergonha ou medo de contar sobre um possível abuso que tenha sofrido. O texto orienta que os pais ouçam com atenção e acreditem em todas as histórias contadas por seus filhos, por mais fantasiosas que elas possam parecer.

Diz ainda que é preciso deixar claro para a criança que ela deve respeitar os adultos, mas que isso não significa obedecer a tudo o que dizem, "principalmente se isso envolver tocar, manipular, beijar ou machucar o corpo". "Fazer com que as crianças entendam que não devem fazer pacto de segredo com ninguém. Deixe os filhos à vontade para nos contar qualquer coisa."

A cartilha foi lançada na quinta-feira (16) como parte da campanha do Dia Nacional do Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que será no próximo dia 18. O documento está disponível na página da Polícia Civil na Internet.

Outra sugestão é que os pais mantenham uma "supervisão intensiva" sobre as crianças, no sentido de ter sempre um adulto de confiança atento ao comportamento e as amizades dos filhos. Se não for possível manter a supervisão, os pais devem pedir que as crianças fiquem o maior tempo possível junto de outras, diz o documento. "Lembre-se: o pedófilo prefere aquelas [crianças] afastadas", alerta a cartilha.

Além das orientações clássicas, como dizer para o filho não aceitar convites, dinheiro ou favores de estranhos, a cartilha afirma que é preciso ensinar à criança a "valorizar positivamente as partes íntimas do corpo". O objetivo é que o contato nessas partes por estranhos chame a atenção da criança para o fato de algo incomum estar acontecendo.

A cartilha diz que a relação entre abusador e vítima é caracterizada pelo domínio, medo, sujeição, ameaça, sedução, culpa e cumplicidade. Os pedófilos, explica, se apresentam com uma linguagem infantil, ganhando aos poucos a confiança da criança e buscando valorizá-la.

A ameaça, segundo a cartilha, é uma das formas que o abusador adota para fazer com que o abuso fique em segredo, criando a situação que se convencionou chamar "muro do silêncio". "Comuns são as ameaças do tipo: 'se você contar, eu mato você e sua mãe; vou deixar de gostar de você; nossa família vai ficar mal vista'".

O desenvolvimento de uma relação de confiança com os filhos é a principal arma, segundo a cartilha, para que as crianças abusadas e que são ameaçadas quebrem o silêncio, explica.


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