Folha de S. Paulo


Análise: Liberar voos em Congonhas é tabu para o governo

O estudo da Aeronáutica evidencia o que o governo federal resiste em assumir: sim, é possível aumentar os voos comerciais regulares (TAM, Gol etc) em Congonhas.

Tocar no assunto é um tabu desde o acidente com o avião da TAM, em 2007, que não conseguiu parar a tempo e explodiu ao bater em um posto de combustível.

Por ano, aeroporto de Congonhas pode ter mais 4 mi de usuários

Na ocasião, o governo reduziu para 30 os pousos e decolagens de voos regulares em Congonhas a cada hora.

Se à época a restrição era necessária para checar quão seguras eram as pistas do aeroporto, hoje é, essencialmente, de ordem política.

Isso porque, do ponto de vista técnico, as pistas têm capacidade de receber mais voos, como constatou a Aeronáutica --e defendem, há anos, as companhias aéreas.

Mas há alguns aspectos a conspirar contra, ao menos contra aumentar os voos comerciais para já.

O terminal de passageiros, por exemplo, não foi feito para atender com conforto mais 4 milhões de passageiros a cada ano. Seria preciso aumentar o espaço físico, projeto que a Infraero prevê tirar do papel no ano que vem. E táxis, outro problema recorrente, haveria para todos?

Alessandro Shinoda - 22.jul.11/Folhapress
Movimentação de passageiros no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo
Movimentação de passageiros no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo

DIFICULDADES

Por último, talvez a maior das dificuldades: os moradores do entorno do aeroporto são contra a ampliação, por sustentar haver risco à segurança e ruído excessivo (duas questões que serão de novo avaliadas pelo governo).

O grupo chegou a ir à Justiça para que Congonhas funcionasse por menos horas a cada dia, sem êxito.

Posto isso, a dúvida é: o governo irá comprar a briga e encarar o peso político de permitir mais voos comerciais ali? A seguir, as cenas dos próximos capítulos.

Editoria de Arte/Folhapress

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