Folha de S. Paulo


Decisão incentiva casais gays a entrarem em ritmo de casório

Aquela clássica perguntinha "Quer casar comigo?" tornou-se inevitável para muita gente ontem.

Malu Verçosa, a quem Daniela Mercury chama de esposa, acionou novamente o Instagram. Desta vez, para pedir a cantora em casamento. Daniela, é claro, aceitou.

CNJ obriga cartórios de todo o país a celebrar casamento entre gays
Análise: CNJ faz cumprir decisão superior ao cobrar cartórios
Daniela Mercury chama mulher de esposa

Em abril, a rede social foi a plataforma escolhida pela cantora para sair do armário e fazer uma emocionada declaração de amor à jornalista que chacoalhou a discussão sobre casamento gay no país.

Editoria de arte/Folhapress

Numa quadra de tênis na zona oeste, a designer Marcella Franco, 27, teve uma reação mais contida. No intervalo da partida, ela se aproximou da namorada, Janaina Borges, 29, com um par de bilhetes aéreos em mãos e um pedido de casamento na cabeça. Foi só deixar rolar.

Há 23 semanas, as duas registraram em cartório a união estável. Ontem, marcaram a data do casamento. Na metade do mês que vem, embarcam para uma viagem de 15 dias de lua de mel na Suécia.

"Beijos para os 'Felicianos' do Brasil", diz Marcella.

A decisão de ontem do Conselho Nacional de Justiça teve um gostinho especial, do tipo "tarda, mas não falha", para o ativista gay Leo Mendes. "Agora, só falta a publicação no 'Diário Oficial' para a gente finalmente se casar."

Há dois anos e meio, o ativista e o namorado dele, o estudante Odílio Torres, 24, travam uma batalha pelos cartórios da capital de Goiás, na tentativa de se casarem.

Mendes e Torres formam o primeiro casal do Brasil a oficializar a união estável gay, num cartório de Goiânia, em maio de 2011. Quatro dias antes, o Supremo Tribunal Federal tinha reconhecido a união civil homossexual, estendendo a casais do mesmo sexo direitos como pensão alimentícia ou herança em caso de morte do parceiro.

No mês seguinte à união, começou o vaivém burocrático. O juiz da 1º Vara da Fazenda Pública de Goiânia determinou a anulação do documento. Os dois recorreram à OAB de Goiás e registraram uma reclamação no CNJ.

A decisão do juiz foi cassada no dia seguinte pelo Tribunal de Justiça de Goiás.

O próximo passo que ele espera é que o Supremo, "diante da omissão do Congresso, equipare a homofobia ao crime de racismo".

Só que este momento é para comemorar. O casal já sabe dia e local onde vai passar a lua de mel: será em 2 de junho, na avenida Paulista, durante a Parada Gay.

Mais ativista impossível.


Endereço da página:

Links no texto: