Folha de S. Paulo


Marcha da Maconha quer rapidez em julgamento de caso para abrir precedente

Entre as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica, em Ipanema, dezenas de pessoas se reuniram na tarde deste sábado de sol no Rio de Janeiro a saída da Marcha da Maconha. O protesto é realizado desde 2002 na cidade e tem por objetivo lutar pela legalização do uso da erva no país.

A marcha chegou a ser proibida em 2008 e de 2009 a 2011 aconteceu por meio de habeas corpus. Em 2012 passou a ser considerada legal pelo STF. No mundo, o evento é realizado desde 1999.

Depois de confrontos com policiais nas duas últimas edições, a Marcha da Maconha aconteceu sem problemas. Houve apenas discrepância de números. A manifestação reuniu mil pessoas, segundo a Polícia Militar, no percurso entre o posto 9 até o Arpoador. Para os organizadores, dez mil pessoas participaram do ato pela liberação da droga.

Este ano, além da legalização, o movimento vai chamar a atenção para dois movimentos que estão acontecendo no Brasil.

De um lado, o Projeto de Lei 7663, em discussão no Congresso Nacional, prega a internação dos usuários, o que é considerado um retrocesso pelos organizadores da Marcha. De outro, um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) poderá abrir um precedente que permitirá o fim da prisão para portadores de pequenos volumes de maconha.

"Queremos que o STF julgue logo o caso de um rapaz detido em um presídio de São Paulo por ter sido pego com 0,6 grama de maconha. Isso pode abrir um precedente", disse o estudante e um dos organizadores da Marcha Thiago Tomazine.

Quarenta policiais acompanhavam de longe a manifestação, realizada em frente à praia. No ano passado, um conflito no final da Marcha levou ao enfrentamento entre manifestantes e policiais, que chegaram a fazer uso de gás de pimenta. A alegação era de que a passeata estava impedindo o tráfego de automóveis, o que é negado pelos organizadores.

A cena no entanto não será repetida esse ano, segundo o Capitão Rattes, responsável pela operação de segurança da Marcha pela primeira vez. "Esperamos que tudo corra bem, está tudo tranquilo", disse o policial, a cerca de 10 metros dos usuários declarados que organizam a Marcha.

Os organizadores insistiam a todo momento para que os participantes não provocassem os policiais.

O vereador Renato 5 (Psol), o mais atuante entre os parlamentares pela legalização da erva no Rio, que todos os anos tem também o apoio do atual secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, acha que o momento no país é favorável para a legalização.

Ele espera que após o julgamento pelo STF, ainda sem data, haja um avanço para os usuários. "O mundo todo está reelaborando a política das drogas, até os Estados Unidos, que é o país do proibicionismo, já tem discriminalização em vários Estados", explicou.

Pétala Luz, 29 anos, recém chegada de Salvador, disse que veio para a marcha do Rio porque além de acreditar na legalização quer articular uma grande marcha em Brasília no 7 de setembro.

"Sou do movimento Plante Legal, que quer reunir todas as marchas regionais em uma grande marcha em setembro", explicou.

As próximas marchas serão realizadas nos dias 11 de maio, em Teresina (PI); 18 de maio Campinas (SP); 19 de maio, Aracaju (SE), Atibaia (SP); Niterói (RJ), Presidente Prudente (SP) e Recife (PE); 24 de maio, Natal e Goiânia; 25 de maio, Porto Alegre (RS), Vitória (ES); Salvador (BA), Campo Grande (MS), João Pessoa (PB), Juiz de Fora (MG), Nova Iguaçu (RJ) e Santa Maria (RS). (DENISE LUNA)


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