Folha de S. Paulo


No sexto dia de julgamento, Bola diz que "jamais mataria alguém"

Acusado pela morte e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, o réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi interrogado na manhã deste sábado (27) durante seu julgamento que acontece no Fórum de Contagem, em Minas Gerais.

Ele negou ter participado do assassinato de Eliza, afirmando que "jamais mataria alguém", e se recusou a responder a maioria de perguntas da acusação, representada pelo promotor Henry Wagner.

Este é o sexto dia do julgamento de Bola, que começou na segunda-feira (22). Além de não responder as perguntas do promotor, se limitando a dizer "sou inocente", Bola também não se pronunciou em relação aos questionamentos de Maria Lúcia Borges, assistente de acusação. Ele alegou que, por ser inocente e não se encontrar em "estado emocional bom", não iria se manifestar.

À juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, Bola afirmou ser "perseguido" pelo ex-delegado que conduziu o caso, o hoje vereador de Belo Horizonte, Edson Moreira. Ele disse que sua defesa foi cerceada por Moreira, e que alguns policiais não testemunharam a seu favor por medo do ex-delegado. Por fim, voltou a acusar Moreira de extorsão.

Em novembro de 2010, Bola disse que o ex-delegado teria pedido R$ 2 milhões a Bruno para que os dois fossem inocentados no inquérito.

Quanto ao motivo pelo qual se negou a responder as perguntas feitas pela juíza na fase de inquérito, em novembro de 2010, Bola disse que o fez por acreditar que ela era "comadre" do delegado Júlio Wilke, que conduzia o inquérito junto com Edson Moreira.

O último a interrogar Bola foi Ércio Quaresma, seu advogado de defesa. Ele lembrou os jurados de outras acusações de assassinato que recaem sobre Bola e disse que as descrições nos boletins de ocorrência não batem com as características físicas de seu cliente.

O advogado também mostrou fotos da casa de Bola, que segundo ele teve as paredes e o muro danificados durante a perícia realizada pela polícia. Bola chorou, e disse que sua mulher e seus dois filhos passam por dificuldades financeiras desde sua prisão.

Questionado se conhecia Eliza Samudio ou Bruno, Bola negou, dizendo que só conhecia Eliza pela TV. Anteriormente, no julgamento, ele já havia afirmado que o único réu que conheceu antes do processo foi Macarrão, com quem tratava por telefone, disse, de assuntos relacionados à carreira futebolística de seu filho, que depois de sua prisão passou a trabalhar como vigilante noturno.

DECISÃO

Com o fim do interrogatório de Bola, começou a fase de debates entre a defesa e a acusação, que deve se estender até o início da noite. Terminado o debate, o conselho de sentença, composto por quatro homens e três mulheres, se reunirá em separado para analisar e votar sobre a inocência ou culpa de Bola.

Esse é o terceiro conselho de sentença formado no caso do desaparecimento e morte de Eliza, que desapareceu em junho de 2010. Apesar de seu corpo nunca ter sido encontrado, a Justiça expediu a certidão de óbito de Eliza no início deste ano.

Já foram julgados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-secretário do goleiro, e Fernanda Castro, ex-namorada do jogador. Depois deles foram julgados Bruno e sua ex-mulher, Dayanne Souza --a única absolvida.


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