Folha de S. Paulo


Filme sobre violência obstétrica faz campanha na internet para chegar ao cinema

"Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar o modo de nascer." Ao acreditar nesta frase do cientista francês Michel Odent, mulheres ativistas de todo o Brasil têm feito uma campanha nas redes sociais para arrecadar recursos para colocar o filme "Renascimento do Parto" nas salas de cinemas.

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Por meio de um crowdfunding (financiamento coletivo), o filme, que mostra a violência obstétrica sofrida diariamente pelas mulheres nos consultórios e nas maternidades, conseguiu arrecadar mais do que a meta estabelecida (R$ 65 mil) em apenas cinco dias.

O valor era o necessário para fazer a distribuição do filme. Até as 11h desta quinta-feira (25), já haviam sido arrecadados mais de R$ 87 mil. No crowfunding é possível doar a partir de R$ 30.

O filme conta com relato de profissionais da saúde, como Michel Odent, da antropóloga norte-americana Robbie Davis-Floyd, da parteira mexicana Naoli Vinaver.

Mães e pais também dão depoimento sobre a experiência no nascimento dos filhos, entre eles, o ator Márcio Garcia e sua mulher, Andréa Santa Rosa. O casal tem três filhos e conta como foi vivenciar um parto cesáreo, um normal hospitalar e um natural, ocorrido na casa do casal.

O longa-metragem, com duração de 90 minutos, conta ainda com entrevistas de obstetras, parteiras, doulas (mulheres que ajudam a gestante antes, durante e após o parto) e pediatras.

Todo o trabalho foi feito pelo casal Erica de Paula, 26, e Eduardo Chauvet, 42, que arcou sozinho com as despesas do filme. Segundo eles, alguns colaboradores ajudaram, por exemplo, com a liberação de uso de fotos e imagens de partos.

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O dinheiro levantado no crowdfunding, explica Erica, é para pagar as novas despesas para que o filme possa chegar até o público, como os custos de distribuição do filme, material gráfico de divulgação, eventos da pré-estreia e a primeira tiragem de DVDs do filme.

Erica conta que o período de pesquisa começou em 2011 e que o trabalho só foi concluído em março deste ano. "O filme é uma ferramenta muito importante para a conscientização de toda a população sobre a importância da forma como nascemos e as repercussões que esse momento tem em toda a nossa vida", explica.

O longa-metragem mostra que as cesáreas são cirurgias que salvam bebês todos os dias, mas que devem ser indicadas apenas quando há algum tipo de risco para mãe ou para o bebê. As estatísticas apontam que o Brasil é o país campeão mundial de cesarianas (52% no índice geral e mais de 90% no sistema privado, contra os 15% recomendado pela Organização Mundial de Saúde).

A expectativa é que o filme esteja em 60 dias nas salas de cinemas de oito capitais - Rio, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Salvador e João Pessoa. Em seguida, a ideia é comercializar o filme em DVD e inscrever o longa-metragem em festivais nacionais e internacionais.

As doações podem ser feitas por meio do site.

Carla Raiter
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Casal tem parto em casa com auxílio de doula e obstetriz; famílias buscam alternativas para conseguir um nascimento humanizado

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