Folha de S. Paulo


Reforma da Marina da Glória é criticado por arquitetos e usuários

O projeto de revitalização da Marina da Glória, no Parque do Flamengo, no Rio, foi alvo de crítica de usuários e de arquitetos durante debate promovido nesta quarta-feira pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

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A proposta, desenvolvida pela REX, braço imobiliário do grupo EBX, de Eike Batista, está em fase de avaliação pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A aprovação é necessária porque o Parque do Flamengo é tombado.

Um dos pontos mais criticados foi a redução do número de vagas secas na marina, aquelas reservadas em áreas terrestres para embarcações de menor porte. O projeto prevê 50 vagas para embarcações de pequeno porte, como barcos de vela. Atualmente, são cem vagas.

A construção de um centro de convenções para 900 pessoas e a ampliação do número de lojas --de 23 para 50-- também foram discutidos.

"O projeto está lindo plasticamente, mas vai na contramão do que é necessário para o apoio náutico. Está sendo privilegiado o centro de convenções em detrimento das vagas secas. A cidade vai perder uma grande oportunidade de ter a sua marina, do ponto de vista náutico, e vamos ter mais um centro de convenções", afirmou o arquiteto Ronaldo Basilio.

O arquiteto que desenvolveu o projeto, Indio da Costa, fez uma apresentação do projeto e depois respondeu a perguntas. Segundo ele, o debate teve como objetivo propor possíveis mudanças no projeto. "Espero poder fazer melhorias ao projeto com as opiniões que ouvi", afirmou.

O presidente da REX, Marco Adnet, disse ainda que o projeto foi modificado e adaptado ao longo dos últimos anos. "O projeto inicial era um exagero, com 45 mil metros quadrados e agora está em 25 mil metros quadrados."

O grupo de Eike tenta emplacar o projeto desde 2009, quando recebeu a concessão para explorar a marina. O presidente da REX afirmou que foram investidos R$ 22 milhões pelo grupo desde então. Segundo ele, entre os gastos que ocorreram estão melhorias na área de segurança.

Roberto Franco, que se identificou como usuário da marina, também reclamou da redução de vagas secas. "Vão reservar uma salinha para colocar 50 barcos pequenos, isso não está certo", disse. Ele também criticou o fato da REX não ter perguntado aos usuários o que achavam que deveria ser melhorado. "Só vieram falar com a gente quando o projeto já estava todo pronto."

O presidente da Associação de Usuários da Marina da Glória, Alexandre Antunes, afirmou que também está preocupado com a questão das vagas secas. "As vagas secas que são propostas é para embarcações como as de windsurf, não para os barcos que estão lá hoje. Serão extintas diversas vagas secas em benefício de um centro de convenções."

A intenção é fazer com que a marina receba barcos de médio e grande portes.

A reunião teve também a participação de Maria Rita Machado, filha do arquiteto Amaro Machado, que fez o projeto atual, executado em 1976. Ela reclamou da não menção ao trabalho dele durante a apresentação do Indio da Costa. Ele se desculpou, o que também foi feito por Adnet.


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