Folha de S. Paulo


Corregedor depõe e aponta Bola como suspeito de outros crimes

O corregedor-geral da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Renato Patrício Teixeira, complicou a situação de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, ao relacioná-lo ao desaparecimento e supostos assassinatos de dois homens em 2008.

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Ele foi a última testemunha a depor nessa terça-feira, segundo dia de julgamento de Bola. Após seu depoimento, a juíza Marixa Rodrigues encerrou os trabalhos de hoje. O júri será retomado às 9h de quarta-feira (24).

O depoimento do corregedor-geral só aconteceu porque um dos sete jurados pediu para ele ser ouvido. Convocado pela defesa de Bola, o advogado Ércio Quaresma havia decidido dispensá-lo, mas um jurado respondeu à juíza que gostaria que Teixeira fosse ouvido.

O corregedor-geral disse que Bola está envolvido no "desaparecimento" de dois homens ocorrido em Esmeraldas (MG), em 2008. Ele frisou que a denúncia na Justiça não trata o caso como homicídio.

Mas tal como Eliza Samudio, os corpos deles nunca foram encontrados. Segundo a polícia, o GRE --grupo de treinamento especial para policiais civis-- é suspeito de envolvimento no caso. Bola dava treinamentos nesse grupo. Já os homens desaparecidos tinham passagem pela polícia.

Além de responder por esse crime na Justiça, Bola e os três policiais (cujos nomes o corregedor não citou) respondem a um processo administrativo na corregedoria. Uma outra investigação foi aberta para apurar o porquê de Bola atuar no GRE, não sendo mais policial.

Segundo Teixeira, Bola era "colaborador daqueles que treinavam" os policiais. Era ele quem cuidada da área de treino, da logística e ainda usava o mesmo uniforme dos policiais do grupo especial de treinamento.

Na casa de Bola a polícia encontrou fotos dos homens desaparecidos com um "x" marcado na testa de cada um. Para a Promotoria, o "x" significa que eles foram mortos.

Bola, segundo Teixeira, ficou na Polícia Civil de Minas entre março de 1991 a junho de 1992. Ele estava em período de estágio e foi recusada a sua permanência por ter omitido que fora exonerado das Polícias Militares de Minas e de São Paulo.

Os motivos das exclusões das duas PMs ele não citou, disse apenas ter sido por "inidoneidade moral".

Além do processo judicial que Bola responde na Justiça por causa das supostas mortes ligadas aos policiais do GRE, ele também foi denunciado por ter agido como matador contratado por um marido traído.

TESTEMUNHAS

Também foi ouvido nesta terça-feira o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, que afirmou que o goleiro Bruno Fernandes "não creditou nenhuma responsabilidade a Macarrão" nas vezes em que se encontrou com ele.

A chamada de Ângelo para depor foi uma tentativa da defesa de Bola desfazer a versão dada pelo goleiro durante seu julgamento. Na ocasião, ele afirmou que o ex-policial foi o contratado por Macarrão para matar Eliza Samudio.

Antes dele, foi ouvido o preso Jailson Oliveira, que chegou a ficar no mesmo pavilhão de Bola na prisão, durante dois meses, em 2011, afirmou ter ouvido o réu dizer que queimou o corpo de Eliza em um pneu e jogou as cinzas em um lago.

Ao término do depoimento dele, a defesa de Bola pediu que ele Jailson fosse indiciado por mentir durante do depoimento, mas o pedido foi negado pela juíza.

Esse é o terceiro conselho de sentença formado no caso do desaparecimento e morte de Eliza. Ela desapareceu em junho de 2010. Apesar de seu corpo nunca ter sido encontrado, a Justiça expediu a certidão de óbito de Eliza no início deste ano.

Anteriormente foram julgados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-secretário do goleiro, e Fernanda Castro, ex-namorada do jogador. Depois deles foram julgados Bruno e sua ex-mulher, Dayanne Souza --a única absolvida.


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