Folha de S. Paulo


Deputado afirma em júri que Bruno nunca envolveu Bola no crime

A defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tenta nesse segundo dia de júri desfazer a versão dada pelo goleiro Bruno Fernandes segundo a qual o ex-policial foi o contratado pelo seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão, para matar Eliza Samudio.

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A declaração de Bruno foi dada no dia do seu julgamento, no mês passado.

O advogado Ércio Quaresma recorreu ao testemunho do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, para tentar amenizar o impacto da declaração.

"O Bruno não creditou nenhuma responsabilidade a Macarrão", disse ele, que se reuniu algumas vezes com o goleiro.

O deputado disse que Bruno manteve essa postura nas conversas que tiveram no presídio e na audiência pública que promoveu no Legislativo para tratar de supostas extorsões que Bruno sofrera, nunca comprovadas.

Bruno foi o primeiro réu a dizer que Bola foi o matador, contratado por Macarrão. Ele disse isso em 7 de março passado, quando estava sendo julgado. Até então, somente o então adolescente primo de Bruno, Jorge Rosa, citara Bola como sendo o matador.

Macarrão, por sua vez, incriminou Bruno. Ele disse no seu julgamento, ocorrido em fevereiro, que levou Eliza para morrer a mando do goleiro. Mas ele disse que não viu o rosto da pessoa que pegou Eliza em 10 de junho de 2010, na região da Pampulha, em Belo Horizonte.

Sobre as ligações telefônicas e mensagens trocadas entre Macarrão e Bola no dia da morte de Eliza, tanto o ex-secretário de Bruno quanto Bola deram a mesma versão: estavam tratando de conseguir um clube de futebol para o filho de Bola.

GRUPO ESPECIAL

A Comissão de Direitos Humanos também fez audiência pública para ouvir depoimentos sobre ações do GRE, um grupo de treinamento especial para policiais civis. Esse grupo é suspeito de matar em 2008 dois homens com passagem pela polícia. Bola dava treinamentos nesse grupo.

O deputado disse que o nome de Bola surgiu entre os suspeitos das mortes por vizinhos das vítimas, que testemunharam três policiais em um carro e um quarto, em uma moto amarela.

Esse quarto homem foi identificado pelas testemunhas como "Paulista", outro apelido de Bola. Porém, segundo o deputado, o então chefe do GRE, Júlio César Monteiro de Castro, nunca citou Bola como integrante do grupo.

Contra Bola, contudo, pesa o fato de terem sido encontradas fotos das duas vítimas na casa dele. Na testa de cada uma delas está marcado um "x". Para a acusação, o "x" significa que elas foram mortas.


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