Folha de S. Paulo


Promotor busca dar credibilidade a depoimento de preso sobre Bola

O segundo dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, começou na manhã desta terça-feira (23) em Contagem (MG) com o depoimento do preso Jailson Oliveira.

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Ele, que chegou a ficar preso no mesmo pavilhão de Bola durante dois meses, em 2011, afirmou ter ouvido o réu dizer que queimou o corpo de Eliza Samudio em um pneu e jogou as cinzas em um lago.

Segundo Oliveira, Bola ia até sua cela frequentemente para assistir televisão, no presídio Nelson Hungria. O preso também diz que Bola ameaçou de morte a juíza Marixa Rodrigues dentro da cadeia.

Condenado há 35 anos de prisão, sendo 20 anos pelo crime de latrocínio [roubo seguido de morte], Oliveira já cumpriu 16 anos da pena.

A defesa de Bola vai tentar desqualificar o depoimento do preso alegando que ele é "mentiroso", segundo o advogado Fernando Magalhães.

Já o promotor Henry Castro busca dar credibilidade ao depoimento com perguntas mais particulares sobre a vida de Bola, tentando mostrar que Oliveira conhece de fato o réu.

Questionado, por exemplo, sobre a saída de Bola da Polícia Civil de Minas, Oliveira soube responder corretamente que o réu saiu a pedido e até citar o ano em que isso ocorreu: 1992.

AMEAÇAS

Oliveira denunciou os supostos relatos de Bola em um depoimento prestado à polícia no final de 2011 --mais de um ano depois da morte de Eliza.

Ele disse que, a partir desse dia, passou a receber ameaças de policiais amigos de Bola. Afirmou que, ainda na delegacia, foi ameaçado pelo policial Gilson Costa.

Costa está sendo investigado em um inquérito complementar sobre a morte de Eliza, junto com o policial aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé.

Segundo Oliveira, os amigos de Bola queriam que ele recuasse das denúncias que fizera.

De acordo com ele, Gilson tentou suborná-lo com R$ 50. Em outro momento, que não esclareceu quando, disse que Costa e outros policiais mostraram a ele uma foto da sua mulher no celular. Se não se retratasse ou fugisse, a mulher poderia ser morta.

Zezé não comenta as suspeitas contra ele. Gilson, por meio da sua advogada Rita Andrade, nega envolvimento do seu cliente no caso e alega que ele estava em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, na época da morte de Eliza.


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