Folha de S. Paulo


Bola é 'inimigo' do delegado e por isso virou réu, diz defesa

O advogado Fernando Magalhães, um dos defensores do réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, afirmou em entrevista na porta do fórum de Contagem que seu cliente só foi indiciado por ser "inimigo" do delegado Edson Moreira, então chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais.

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"Eu tenho prova de que foi escolhido Marcos Aparecido para ser réu. Ele é inimigo da autoridade policial que presidiu as investigações, Edson Moreira", afirmou o advogado durante intervalo no julgamento do ex-policial Bola.

Moreira foi arrolado pela defesa de Bola e vai falar na condição de testemunha. O advogado Ércio Quaresma disse que ele será inquirido por "36 horas".

"Eu avisei a vocês que esse julgamento vai demorar dez dias", disse Quaresma ao entrar na sala de imprensa do fórum de Contagem.

A intenção da defesa é protelar ao máximo o julgamento insistindo na tese de que houve "perseguição" a Bola.

Apesar dos argumentos da defesa, os autos contêm provas contundentes contra o ex-policial, segundo o Ministério Público. Entre elas estão as muitas ligações telefônicas de Bola para os envolvidos no crime, na véspera e especialmente no dia da morte de Eliza.

Também o goleiro Bruno Fernandes de Souza afirmou no seu julgamento que Eliza foi morta por Bola, que fora contratado pelo seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão.

Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão. Macarrão pegou 15 anos.

ESTICADA NO CORPO

No longo depoimento prestado pela delegada Ana Maria Santos, o advogado Quaresma já fez com que a juíza Marixa Rodrigues levantasse da sua cadeira uma vez para esticar o corpo.

Ana Maria é um dos delegados da Polícia Civil de Minas Gerais que esteve encarregada da investigação do desaparecimento e morte de Eliza Samudio.

Ana Maria está desde as 16h prestando depoimento como informante. Das cinco horas de interrogatório, 40 minutos foram gastos com leituras de depoimentos anteriores prestados por ela, uma hora com questionamentos do promotor Henry Castro e mais de três horas respondendo aos advogados da defesa.

Quaresma disse que gastaria com ela "24 horas". "Vamos terminar com ela hoje e retomaremos com ela amanhã", disse ele aos jornalistas.


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