Folha de S. Paulo


Defesa de Bola tenta conseguir suspensão de julgamento

A defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o matador de Eliza Samudio, a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, pediu a suspensão do julgamento logo na abertura da sessão, ainda na fase das preliminares. A juíza Marixa Rodrigues analisa o pedido.

Veja a cobertura completa do julgamento

O advogado Ércio Quaresma alegou que há recursos de 2010 do Ministério Público tramitando em instâncias superiores da Justiça sobre o caso. Por isso, ele entende que é preciso aguardar essas decisões do recurso para realizar o julgamento.

Ele usou como argumento também a ausência de uma testemunha, um jornalista que foi absolvido pela Justiça de um crime, depois de ser denunciado pelo delegado Edson Moreira, o mesmo que presidiu o inquérito do caso Eliza.

O terceiro motivo é a ausência da delegada Alessandra Wilke, que participou das investigações e está em diligência em Ipatinga.

O Ministério Público foi contra os pedidos da defesa de Bola, que é acusado de ser o matador de Eliza e de ter ocultado o corpo.

As colocações da defesa do ex-policial foram feitas logo na abertura da sessão pela juíza Marixa Rodrigues. Após resolver todas essas preliminares e confirmado o julgamento, terá início a formação do conselho de sentença.

OUTROS ACUSADOS

Eliza foi morta em junho de 2010, seis dias depois de ser levada do Rio para Minas. Seu corpo nunca foi encontrado.

Até agora, três réus foram condenados. O goleiro pegou 22 anos e três meses de prisão. Seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão, 15 anos. Fernanda Castro, sua ex-namorada, seis anos em regime aberto.

Dayanne Rodrigues, a ex-mulher, foi absolvida. Jorge Luiz Rosa, então adolescente, primo de Bruno, cumpriu medida socioeducativa

PRÓS E CONTRAS

Segundo o Ministério Público, pesa contra Bola a revelação feita por Bruno de que fora ele o contratado por Macarrão para matar Eliza.

Além disso, são muitos os telefonemas e mensagens trocados entre Bola e Macarrão na véspera, no dia e após o crime, como demonstrado na quebra de sigilo telefônico.

Bola, que tem processo na corregedoria de polícia por suposta participação em grupo de extermínio, diz que as ligações eram para pedir um clube de futebol para o filho.

A favor dele, disse o advogado Fernando Magalhães, pesa o fato de Macarrão ter dito que levou Eliza para morrer a mando de Bruno, mas que não viu o rosto do homem para quem a entregou.

O promotor Henry Castro pediu nova investigação contra o policial aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, e poderá denunciá-lo. Seria outro ponto a favor.

As investigações mostraram que Zezé trocou 37 telefonemas e mensagens com os principais personagens na época da morte de Eliza. Mas ele não foi indiciado.

O promotor disse que Zezé sempre foi suspeito, mas que os indícios não eram suficientes. Um policial também é investigado.

Para a defesa, se existe a possibilidade de novos réus, há dúvidas sobre a autoria. "A ideia é mostrar que a investigação é perniciosa."

Depois de Bola, mais dois réus irão a julgamento, desta vez por sequestro e cárcere privado do filho de Bruno e Eliza. Elenilson Silva, foi caseiro do goleiro e Wemerson Souza, amigo.

Eliza morreu por cobrar pensão para o filho que teve com o goleiro, que na época recebia R$ 300 mil por mês.


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