Folha de S. Paulo


Indenização a familiares seria melhor do que prisão de PMs, diz Pastoral Carcerária

O coordenador nacional da Pastoral Carcerária padre Valdir João Silveira, disse ontem ser contra a condenação à prisão dos policiais militares envolvidos no episódio conhecido como Massacre do Carandiru.

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Vinte e seis PMs da Rota (tropa de elite da corporação) estão sendo julgados pela morte de 15 presos no primeiro andar (segundo pavimento) do pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção do Carandiru, zona norte da capital. O julgamento deve terminar até a madrugada deste domingo (21).

Esse é o primeiro dos quatro grupos de PMs réus que serão confrontados com o júri popular. No total, a ação policial deixou um saldo de 111 presos mortos. O presídio do Carandiru foi desativado em 2002.

"Nós entendemos que a prisão não adianta, a prisão é uma ação violenta. A prisão só causa mais violência à sociedade", disse o padre Valdir Silveira.

A Pastoral Carcerária, ligada à Igreja Católica, é uma das principais entidades que defendem o direito dos detentos no país.

Segundo padre Valdir, a melhor pena seria a indenização das vítimas e a exoneração de todos os réus que ainda ocupam cargos na Polícia Militar e na administração pública.

O padre, que está em Jurubatuba (interior de São Paulo) para participar de uma assembleia com membros da pastoral, foi ao fórum criminal da Barra Funda no primeiro dia do atual júri, na segunda-feira passada, mas não entrou no plenário.

Depois da escolha dos sete jurados, o coordenador da pastoral foi embora e não voltou mais.

"Não vou mais porque acho que o debate deveria ser outro. A polícia que matou no Carandiru continua matando. A gente não quer é essa política de extermínio", disse ontem à Folha.

O padre disse ainda que os "mandantes" é que deveriam estar sentados no banco dos réus, mas não especificou a quem se referia.

Durante a semana de julgamento, o plenário do fórum permaneceu praticamente vazio. Não houve presença de grupos de defesa dos direitos humanos, como o "2 de Outubro", que leva em seu nome a data em que ocorreu o episódio na Casa de Detenção.

Editoria de Arte/Folhapress
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