A pílula de emergência já é distribuída no SUS há oito anos, mas são vários os entraves que ainda impedem o acesso a ela nas unidades públicas de saúde.
Ministério da Saúde facilita acesso à pílula do dia seguinte
A exigência da receita médica é, sem dúvida, o maior deles. Porém, há outra barreira ainda mais perversa que afeta o público-alvo da pílula: as adolescentes.
Muitos postos exigem a presença de pais e responsáveis para liberar contraceptivo, mesmo com diretrizes do Ministério da Saúde que garantem o direito à privacidade e ao sigilo dos dados.
Um contrassenso se o objetivo da pílula é a prevenção de uma gestação indesejada.
Esses entraves afetam as mais pobres e ajudam a ampliar as desigualdades na saúde. Mulheres com recursos vão até uma farmácia e compram a pílula sem nenhuma restrição, mesmo sendo um remédio tarja vermelha, que exigiria prescrição.
A pílula já gerou muita polêmica e alguns municípios chegaram a vetá-la sob alegação de que seria abortiva --o que não é real, porque ela só age antes da implantação do óvulo fecundado no útero.
Havia ainda o temor da banalização do uso e que fosse adotada como contraceptivo de rotina --o que também não se confirmou em estudos.
Vencido os mitos, agora é hora de vencer as falhas na distribuição e a desinformação por parte de funcionários dos postos e das mulheres.
Muitas não sabem como usar pílula corretamente. Chegam a tomá-la quando percebem atraso menstrual, o que não terá mais efeito.
Isso mostra a enorme lacuna que existe na educação sexual dos jovens e a necessidade de programas efetivamente voltados para eles.