Folha de S. Paulo


Ex-governador Fleury deve ser ouvido hoje no julgamento do Carandiru

O ex-governador do Estado de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho chegou ao Fórum da Barra Funda na manhã desta terça-feira, no segundo dia do julgamento do Massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em outubro de 1992.

Fleury é uma das testemunhas da defesa e entrou pela porta dos fundos do fórum.

A primeira testemunha de defesa a ser ouvida hoje é o desembargador Ivo de Almeida. O secretário da Segurança Pública na época do massacre, Pedro Franco de Campos, também chegou ao fórum.

No primeiro dia de júri, ocorrido ontem, foram ouvidas as cinco pessoas arroladas pela acusação. O último foi o perito criminal Osvaldo Negrini Neto que afirmou ter sido impedido de entrar na penitenciária após o crime e que quando conseguiu viu que a cena já tinha sido modificada.

Antes de Negrini Neto, foi ouvido o agente penitenciário Moacir dos Santos. Ele definiu o episódio como uma execução e disse ainda que mesmo após o Massacre, presos que já estavam no pátio, rendidos, nus, foram levados pela polícia de volta para o prédio para retirar corpos de mortos e acabaram fuzilados.

Antes dele, foram ouvido ainda três ex-detentos do Carandiru. Luiz Alexandre de Freitas disse ter sobrevivido porque se escondeu sob corpos. "Escondi debaixo dos mortos para não morrer também",

Outra testemunha foi Marco Antônio de Moura, que afirmou que policiais atiraram em direção à cadeia de dentro de um helicóptero. "Tinha presos que estavam no telhado, tentando fugir. Todos foram atingidos por essas balas e morreram".

Foi ouvido ainda o ex-detento, Antônio Carlos Dias, que disse acreditar que o número de mortos no massacre foi ao menos o dobro dos 111 divulgados oficialmente. "Só os corpos que vi saindo do segundo andar eram mais de cem pessoas. Esses 111 eram as pessoas que tinham família, que recebiam visitas", disse.

Editoria de Arte/Folhapress
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