Folha de S. Paulo


'Vi algumas mortes', diz 1ª testemunha no julgamento do caso Carandiru

A primeira testemunha do caso do Massacre do Carandiru começou a ser ouvida na manhã desta segunda-feira (15) no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Após a leitura das peça, o ex-presidiário Antonio Carlos Dias, testemunha de acusação, começou o seu depoimento no plenário, por volta das 10h30.

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Dias era detendo do Carandiru na época do massacre. A testemunha disse que estava presa no segundo andar do pavilhão 9 no dia da invasão da Polícia Militar, que resultou em 111 mortes.

Segundo ele, no dia 2 de outubro de 1992, uma sexta-feira, ocorreu uma briga entre dois presos de grupos rivais durante o banho de sol, chamada de "troca de facas." Após o duelo entre os detentos, os grupos --cerca de 40 de cada lado-- começaram um novo confronto.

Dias afirmou que assim que souberam que a polícia iria invadir o presídio, os presos jogaram óleo de cozinha no chão para dificultar a entrada. "Não houve barricada nem fogo", contou. Ele disse que a ação da polícia durou mais de uma hora.

Ele contou detalhes do dia em que ocorreu o massacre. "Vi algumas mortes, mas eu não podia olhar para eles [policiais], senão seria morto", disse a testemunha durante o depoimento. O ex-detento chegou a se emocionar na sala do júri. O juiz José Augusto Marzagão ofereceu água à testemunha.

JURADOS

Os sete jurados que vão decidir o futuro dos PMs foram escolhidos no início da manhã. São seis homens e apenas uma mulher. Dos 26 réus, 24 estão presentes no julgamento. Na semana passada, quando o julgamento foi adiado, também faltaram dois.

A expectativa é de que o julgamento tenha duração de dez dias.

Segundo o Datafolha, apenas 10% das pessoas acreditam que os policiais serão condenados e presos. Os dados são de uma pesquisa feita entre 4 e 5 de abril, com 1.072 entrevistados com mais de 16 anos. A margem de erro é de três pontos

Editoria de Arte/Folhapress
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