Folha de S. Paulo


Waldemar Esteves da Cunha (1920-2013) - Reinou por 40 anos no Carnaval de Santos

Durante mais de 40 anos, Waldemar Esteves da Cunha foi figura caricata do Carnaval da Baixada Santista.

Paulistano, filho de um dentista e uma dona de casa, mudou-se com a família para Santos ainda criança. Aos 15, começou a ajudar o pai na fabricação de próteses dentárias.

Na mesma época, passou a fazer parte do bloco de Carnaval do bairro Campo Grande, onde morava. Começou a frequentar o Clube de Regatas Saldanha da Gama e gostava de incorporar, vestido de mulher, Dona Dorotéia, uma figura popular nos desfiles locais.

Fez contabilidade e, em 1948, casou-se com Eunice, dona de casa. Extrovertido, foi eleito Rei Momo do Carnaval de Santos pela primeira vez em 1950 --reinado que foi interrompido em 1957, mas retomado no ano seguinte.

Mesmo após a morte do pai, em 1966, Waldemar continuou, com seus quatro irmãos mais novos, trabalhando com artigos dentários.

A convite da Prefeitura de Santos, assumiu em 1971 (por dez anos) a figura do Papai Noel oficial do município.

Esportista, era frequentemente visto praticando boxe e remo. Silvia, a filha mais nova, lembra que o pai era um Rei Momo obeso que chamava mais a atenção por ser "estiloso e refinado". Sua história foi tema do samba-enredo da escola União Imperial, em 1988.

Nunca deixou de se fantasiar na casa da mãe antes de sair para os desfiles, até se aposentar, no Carnaval de 1991. Seu reinado foi considerado o mais duradouro do país.

Sofria de alzheimer. Morreu na segunda (8), aos 92, de insuficiência respiratória. Deixa mulher, quatro filhos, seis netos e uma bisneta.

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