Folha de S. Paulo


Prefeito de Curitiba concentra investimentos no transporte público

O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), resolveu mexer num vespeiro nos primeiros cem dias de gestão: o transporte público. Mas pouco saiu do papel até agora.

Símbolo da cidade, o sistema já foi alvo de duas comissões da prefeitura, que analisam o custo da tarifa, e passará por auditoria nos próximos meses.

O metrô, alternativa para um sistema formado exclusivamente por ônibus, também está sendo revisto. O atual projeto é controverso --questiona-se o traçado e a viabilidade econômica. A obra ainda não foi licitada.

O transporte da cidade foi pioneiro na adoção de vias exclusivas para ônibus.

Mas tem perdido passageiros --que se queixam da qualidade do serviço-- e operado com deficit de cerca de

R$ 100 milhões/ano, resultado da diferença entre a tarifa cobrada e o custo real.

Na prática, Fruet fez pouco nesse setor além do aumento de 9,6% na tarifa de ônibus, em março --de R$ 2,60 para R$ 2,85. Nenhuma das comissões apresentou conclusões e o prefeito diz estar sem dinheiro para obras.

Por causa da alegada dívida de R$ 577 milhões, a gestão ainda não saiu dos "cem dias de diagnóstico" anunciados em janeiro. Grandes projetos anunciados na campanha não deslancharam.

"É preciso ter clareza das limitações que a gente tem", afirma Fruet, que cortou até linhas telefônicas para conseguir caixa.

Não há dificuldades, em compensação, na área política: conta com apenas um vereador de oposição na Câmara e continua em "lua de mel" com a população, mesmo com o aumento do ônibus.

Pesquisa divulgada nesta semana pelo jornal "Gazeta do Povo" apontou 66% de aprovação para sua gestão.

Apoiado na eleição pelos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), Fruet tem acesso fácil ao Planalto e sustenta boa parte de suas promessas em verbas federais.


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