Folha de S. Paulo


Sem caixa, prefeitos apostam em cortes e ações midiáticas

Ao completarem cem dias de governo, os novos prefeitos de capitais brasileiras têm um ponto em comum: enfrentam sérias crises financeiras.

Sem dinheiros em caixa para grandes obras e projetos, São Paulo, Curitiba, Manaus, Recife e Salvador têm apostado no cardápio de cortes de gastos e de ações de apelo midiático, em busca pela imagem do prefeito de "pé na rua" e "guardião" da ordem pública.

Na capital paulista, a situação da dívida é tão grave que o petista Fernando Haddad tem afirmado a aliados que, sem uma renegociação, não conseguirá cumprir algumas das principais metas.

No ritmo em que o saldo devedor cresce atualmente, chegará a R$ 160 bilhões em 2030; hoje, o valor é de R$ 60 bilhões.

Por isso, Haddad tem mantido reuniões constantes com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, buscando negociar uma redução no indexador atual.

TARIFA DE ÔNIBUS

Eleito com apoio do PT, Gustavo Fruet (PDT) emula o petismo na promoção de audiências públicas e na crítica à "herança maldita" deixada pela gestão anterior na Prefeitura de Curitiba.

Das aguardadas mudanças no transporte público, por ora só o aumento da tarifa.

Quem também teve que ceder ao reajuste do ônibus --e aos primeiros protestos de estudantes-- foi Arthur Virgílio (PSDB), em Manaus.

Ex-algoz do governo Lula no Congresso Nacional, o tucano elegeu a concessionária de água como inimigo número 1 e se vestiu de gari em ação de limpeza.

Em Recife, Geraldo Júlio (PSB) investe na "faxina geral" na cidade e foi acompanhar um recapeamento de avenida às 22h --até aliados viram exagero.

Já colocou publicidade na rua, com uma campanha para aumentar a autoestima da população, e reforça o elo com o governador e padrinho político Eduardo Campos (PSB), potencial candidato à Presidência no ano que vem.

PRAGMATISMO

Como na capital de Pernambuco, ACM Neto (DEM) baixou em Salvador o tom das críticas ao PT, partido do governador da Bahia, e promove até mutirões de cadastro no programa Bolsa Família, bandeira social petista.

Pragmatismo que reflete a situação dos prefeitos: sem dinheiro, é melhor descer do palanque e não rejeitar ajuda de ninguém.


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