Folha de S. Paulo


Pais de vítimas do massacre de Realengo lamentam falta de segurança

Dois anos após o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio, os pais das vítimas se dizem "indignados" com a falta de segurança nas escolas públicas do Estado. Na ocasião da tragédia, 12 crianças morreram e outras 12 ficaram feridas com o ataque armado de um ex-aluno.

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André da Silva Machado, 42, pai de Luiza Paula Machado, 14, assassinada no massacre, afirma que muitos estudantes ainda entram sem os crachás de identificação nos colégios da cidade. Ele também lamenta a falta de guardas municipais nas unidades de ensino.

"A gente tem uma mágoa muito grande do poder público porque viu o que aconteceu e não reagiu. O dever da Guarda Municipal é cuidar das nossas escolas, que para mim são o maior patrimônio público que nós temos e isso não está acontecendo", diz.

"Você vê tanto guarda municipal atrás de camelô e as escolas vazias, sem segurança nenhuma. Não existe tranquilidade", afirma Luiz Alberto Rocha, 42, tio de Mariana Rocha, 13, também vítima do massacre.

No dia 7 de abril de 2011, o ex-aluno Wellington de Oliveira invadiu a escola Tasso da Silveira e atirou contra crianças em salas de aula. Ele só não fez mais vítimas porque acabou morto por um policial que atendeu o socorro de estudantes que conseguiram fugir.

Diana Brito /Folhapress
Parentes das vítimas do massacre de Realengo fazem caminhada após missa de homenagem às vítimas; tragédia faz dois anos
Parentes das vítimas do massacre de Realengo fazem caminhada após missa de homenagem às vítimas; tragédia faz dois anos

Parentes das vítimas do massacre participam na manhã de hoje de uma missa em homenagem às vítimas do massacre. A celebração ocorre na paróquia Nossa Senhora de Fátima e São João de Deus, em Realengo, e reúne ao menos 100 pessoas.

Os pais das vítimas usam camisas com fotos e nomes dos filhos, além de uma fita verde amarrada no braço para simbolizar a "esperança". Eles também seguram rosas brancas e devem soltar após a missa balões de gás com fotos e os nomes dos alunos.

Após a missa, todos devem ir para uma igreja presbiteriana, em frente a escola, para assistir um documentário a favor do desarmamento. Às 15h, haverá uma carreata pelas ruas ao redor do colégio.

Vanderlei Almeida/France Presse
Estudantes deixam a escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro
Estudantes deixam a escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro

OUTRO LADO

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que uma equipe do Niap (Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Escolas), formada por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos atende professores, alunos e parentes de vítimas na Escola Municipal Tasso da Silveira - desde o atentado.

"O Niap realizou e ainda realiza encontros semanais com cada turma da escola. Atualmente, as visitas domiciliares, quando necessárias, continuam sendo realizadas. Além disso, a unidade conta com um Agente de Saúde (técnico em enfermagem) do programa Saúde nas Escolas", garante a secretaria.

A pasta ainda afirma que desde a tragédia de Realengo, todas as escolas da rede possuem um porteiro e a exigência de crachá para visitantes e funcionários.

Já a Secretaria Estadual de Educação diz, em nota, que de forma preventiva, todas as unidades escolares da rede contam com a atuação de vigias, que controlam os principais acessos de entrada, identificando as pessoas que desejam transitar no espaço escolar, com o objetivo de garantir a segurança de alunos e funcionários. "Por meio de uma parceria entre as secretarias de Estado de Educação e de Segurança Pública, policiais militares dos batalhões locais também fazem rondas periódicas no entorno das escolas e oferecem o apoio necessário", afirma.


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