Folha de S. Paulo


São Sebastião (SP) decreta estado de calamidade pública após chuvas

A Prefeitura de São Sebastião (litoral norte de São Paulo) decretou na noite deste domingo estado de calamidade pública por causa das chuvas que atingem a cidade nos últimos três dias. O número de desabrigados na cidade chegou a 645, segundo a Defesa Civil.

Chuva deixa turistas ilhados em São Sebastião
Rio-Santos continua bloqueada após quedas de barreiras
Chega a 645 o número de desabrigados pela chuva em São Sebastião

O prefeito, Ernane Primazzi (PSC), lamentou a situação e disse que vai buscar recursos junto ao governo estadual para tentar acabar com os problemas da cidade.

Em Boiçucanga, a chuva alagou ruas e derrubou árvores e casas. No Morro do Esquimó, em Juquehy, a prefeitura registrou três deslizamentos de terra. Em nenhum caso houve feridos.

Havia registro de enchentes e alagamentos também em Maresias, Baleia, Camburi, Barra do Una e Juquehy. O Corpo de Bombeiros informou que a profundidade da água em alguns pontos da cidade superou um metro.

Segundo a Defesa Civil, o volume de chuva acumulado na cidade nos últimos três dias era de 111,4 mm (litros por metro quadrado). Isso equivale a quase a metade da chuva prevista para todo o mês, de acordo com meteorologistas.

Em Camburi 393 pessoas tiveram que deixar suas casas --234 da Vila do Areião e 159 da Vila Lobo Guará. Já os afetados em Boiçucanga chegavam a 250. Em Baleia Verde foram registrados apenas dois até a noite de hoje.

A prefeitura deixou à disposição dos moradores atingidos o ginásio de esportes de Boiçucanga, onde é feita uma triagem dos desalojados, mas a maioria está indo para casa de parentes e amigos.

O chefe da Defesa Civil da cidade, Carlos Eduardo dos Santos, disse que a maior preocupação do órgão hoje era com as condições do mar, que apresentava forte ressaca e maré alta, o que represava parte das áreas alagadas.

A previsão é que a chuva permaneça ao menos até a madrugada desta segunda-feira (18).

TURISTAS

Turistas hospedados em hotéis e pousadas também sofreram com a situação da cidade e da estrada. A Rio-Santos está bloqueada desde o final da manhã, quando uma barreira fechou totalmente o km 157 da estrada.

Outra barreira de mais de 5.000 metro cúbicos de terra caiu na estrada velha de Santos, no trecho que liga Juquehy à Barra do Una. A via foi interditada.

Em Maresias, as ruas que dão acesso à pousada Toca da Praia ficaram alagadas e cerca de dez hóspedes ficaram ilhados à tarde, tendo que esperar o tempo melhorar para voltar a São Paulo, afirmou a funcionária Miriam Lopes.

"Aconselhamos os hóspedes a não se aventurarem a sair de carro e ficar tranquilos aqui até a água baixar, porque não adianta se apavorar, sair e ficar preso na enxurrada lá fora", disse Marco Cesare Perrotti, 73, sócio Villa'l Mare Hotel, também de Maresias. Alguns turistas já haviam ido embora após a água da rua escoar.

Perrotti contou que a água da chuva transformou a rua Nova Iguaçu --em frente à pousada-- em um rio, chegando a invadir a parte externa do estabelecimento. "Por precaução, retiramos todos os hóspedes que estavam nos apartamentos do térreo e os realocamos para o andar superior", afirmou.

O dono da pousada contou que sempre que chove no litoral norte ocorrem os mesmos problemas. "Dessa vez não chegou a invadir os apartamentos, mas é uma situação que se torna muito repetitiva aqui".

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

PREFEITURA

Questionada, a prefeitura diz que tem tomado providências para atenuar o impacto das chuvas, mas afirma que a força do temporal a impediu de evitar estragos.

"A chuva foi muito forte e coincidiu com a maré subindo, o que represou a vazão dos rios e seus alagamentos", disse Wagner Teixeira.

Os locais atingidos foram os mesmos da enchente de fevereiro. O secretário afirmou que, após o temporal do mês passado, a prefeitura pediu permissão emergencial ao Estado para iniciar obras de desassoreamento do rio Boiçucanga, que estava parada por necessidade de desmate a para entrada de máquinas.

De acordo com ele, a permissão foi concedida, mas o trabalho ainda está no começo. "Nem fez cócegas, falta muito ainda. Grande parte dos rios da região precisa ser desassoreada." (MARINA GAMA e MARCO VARELLA)


Endereço da página:

Links no texto: