Folha de S. Paulo


Opinião: Bruno jogaria na Copa e seria grande goleiro, mas nunca será

No mês em que o caso Eliza Samudio veio à tona, em junho de 2010, Bruno negociava sua transferência para o Milan, da Itália. Basta essa informação para entender o que o ex-goleiro do Flamengo seria hoje em dia.

Nunca será.

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O goleiro é o cara escalado para proteger a sua equipe. Pois Bruno era um grande goleiro que jamais conseguiu proteger sua própria vida.

Da Copa do Mundo de 2010, durante a qual o caso Eliza Samudio estourou, até hoje, 13 goleiros foram convocados pela seleção brasileira. Victor, Jefferson, Renan, Neto, Gomes, Diego Alves, Fábio, Rafael, Gabriel, Renan Ribeiro, Cássio, Diego Cavalieri e Júlio César, o titular na Copa da África.

Se você for só um pouco afeito ao futebol, sem ser apaixonado, é provável que só tenha conseguido dizer o time de dois deles: Diego Cavalieri, do Fluminense, e Cássio, do Corinthians. Bruno certamente seria um dos 14.

O Brasil vive uma crise de goleiros, em que o melhor, Júlio César, de novo titular da seleção, transferiu-se da Internazionale, de Milão, para o inglês Queen's Park Rangers. Bruno teria chance.

Era ótimo goleiro!

No jogo em que o Atlético-MG foi rebaixado, em 2005, defendeu pênalti de Romário. No tricampeonato carioca do Flamengo, entre 2007 e 2009, fez defesas em duas decisões por pênaltis.

O Milan, clube para o qual talvez se transferisse não fosse seu drama policial, era onde jogava o goleiro Dida, quando foi titular da seleção brasileira na Copa de 2006.

Lembre-se de que Dida foi o terceiro goleiro na França, em 1998, quando atuava pelo Cruzeiro, e o reserva de Marcos no Mundial de 2002, quando vestia a camisa 1 do Corinthians. Ser goleiro do Milan tem peso.

Bruno tinha tudo para vestir aquela camisa.

Em 2014, terá 29 anos, no auge da forma física. Poderia ser o goleiro do Brasil --negro como Barbosa, o da Copa de 1950, numa final no Maracanã, poderia encarnar a revanche do goleiro amaldiçoado pela história do Maracanazzo.

Bruno era bom.


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