O acidente na avenida Liberdade vai recair, na Justiça, sobre o engenheiro da obra e, talvez, sobre os proprietários do prédio, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
"Os donos de imóveis, muitas vezes, esquecem que a propriedade privada não é um privilégio ilimitado e sagrado e sim um contrato com o poder público e a sociedade, que significa um conjunto de responsabilidades", diz Renato Cymbalista, professor de arquitetura da USP (Universidade de São Paulo).
Apesar de o desabamento ter sido provocado provavelmente por um erro técnico, a forma de atuação do poder público também pode causar acidentes fatais.
Em um mundo ideal, afirma o engenheiro Vagner Landi, do escritório Destac, responsável por várias construções e reformas na cidade, a prefeitura deveria ter voltado ao local para fiscalizar as obras de emergência que ela obrigou o engenheiro a fazer.
"Mas a demanda é muito grande. É difícil dar conta. Alguns alvarás demoram mais para sair do que o próprio período da obra. Todos começam por sua conta", diz.
timidez
Emílio Haddad, professor da USP, diz que prefere não opinar de forma direta sobre o episódio. Mas afirma que, como o papel da prefeitura é autorizar e fiscalizar a obra, em acidentes como
o de anteontem, sempre é importante avaliar se houve "timidez" na ação do poder público.