Folha de S. Paulo


Em obras, rodovia dos Tamoios vira "funil de carros"

Na véspera de Carnaval, a rodovia dos Tamoios, um dos principais acessos ao litoral norte paulista, vive um cenário de caos anunciado.

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Em obras para duplicação, a estrada virou um verdadeiro canteiro de obras. A pista está tomada por cones e cavaletes e fica estreita em vários pontos --o que faz o trânsito afunilar nos dias de maior movimento.

Ao longo do Carnaval, a previsão é que a rodovia receba um total de 210 mil veículos. No Réveillon, por exemplo, foram 163 mil carros nos cinco dias do feriado.

Só em janeiro passado, cerca de 21 mil veículos passaram por dia pela rodovia. O volume diário médio fora da temporada é de 16 mil --no Carnaval, segundo a estimativa, deve atingir 35 mil.

Nos feriados, o tempo médio de viagem quase quadruplica. Só o trajeto de 82 km de São José dos Campos a Caraguatatuba, que costuma ser percorrido em uma hora e 15 minutos, chega a levar de quatro a seis horas.

Nos dias que antecederam o Réveillon, o congestionamento atingiu 70 km, segundo Antônio Monteiro, comandante da Polícia Rodoviária Estadual no litoral norte.

O publicitário André Figueiredo, 23, é um dos motoristas que colecionam recordes no trânsito --já chegou a levar até oito horas para descer de São Paulo ao litoral, no ano passado. Pouco a pouco, ele repete a experiência.

Só num domingo de janeiro, em plena madrugada, foram quatro horas no trajeto oposto, segundo Figueiredo.
O motivo? Dois trechos em pista única e alguns carros a mais. "Não eram muitos, mas o pouco que tinha foi suficiente para travar tudo."

A Folha percorreu a Tamoios na semana passada e também viu outros problemas, como a falta de acostamento em quase toda a rodovia e buracos perto do km 55.

Com o pneu do carro furado, o engenheiro ambiental Alexandre Calderaro, 41, teve que parar em um trecho sem acostamento, tampouco sem sinal do celular. "E ainda foi na serra, o pior lugar para parar", conta.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

AFUNILAMENTO

Outro trecho complicado fica no km 39, próximo a Paraibuna, onde o afunilamento é frequente devido às obras, segundo o tenente Alexandre Santana, da Polícia Rodoviária Estadual.

Responsável pela duplicação, a Dersa informa que, dos 49 km em obras, 40 km passam por terraplenagem e 5 km já foram pavimentados.

A companhia afirma que estuda a liberação do tráfego nos trechos concluídos ainda no primeiro semestre. A rodovia, completa, também deve ganhar acostamento.

Ao todo, 1.500 funcionários trabalham no local.

A previsão da Dersa é que toda a obra esteja pronta até dezembro deste ano.

Até lá, é preciso ter paciência. Quando chove, a pista fica com lama, e pontos são bloqueados para limpeza.
Não faltam, porém, placas para informar sobre as obras: a reportagem contou ao menos 38 na faixa sentido litoral e 50 no sentido oposto.

A Dersa diz que as interdições e detonações de rocha, sempre da meia-noite às 4h30 em alguns dias de semana, serão suspensas no Carnaval.

Quem seguir ao litoral deve evitar a estrada entre as 16 e 23h de amanhã e das 15h e 20h no sábado, com previsão de maior fluxo de veículos.

Entre as rotas alternativas, estão as rodovias Oswaldo Cruz, Mogi-Bertioga e Rio-Santos. Mas a Polícia Rodoviária recomenda consultar as condições dessa rodovias antes de seguir a viagem.

Segundo o tenente Monteiro, no Carnaval, a descida no trecho de serra volta a funcionar com uma faixa reversível para quem vai ao litoral.

A previsão é que o trecho de serra também ganhe uma nova pista até 2017, mas fora do trajeto atual, de acordo com a Dersa. As obras devem começar ainda neste ano.


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