Folha de S. Paulo


Show pirotécnico era 'diferencial' da Gurizada Fandangueira, diz produtor

Preso sob suspeita de responsabilidade no incêndio da boate Kiss, o produtor da Gurizada Fandangueira afirmou à polícia que os espetáculos pirotécnicos eram o "diferencial" da banda.

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Luciano Bonilha Leão disse ainda que o grupo já havia promovido outros dois espetáculos com fogos durante apresentações na boate Kiss, o que contradiz depoimento do sócio da casa noturna Elissandro Spohr.

Spohr, que também está preso, mas sob custódia em um hospital por ter se ferido no incêndio, afirmou à polícia que a banda jamais havia realizado show pirotécnico na boate e nem pedido autorização para fazê-lo.

Segundo a investigação do caso, a principal hipótese para o começo do incêndio é o uso de um artefato pirotécnico durante o show pelo vocalista da Gurizada Fandangueira, acionado remotamente pelo produtor. Faíscas teriam atingido o teto e deflagrado o fogo na casa noturna.

Venâncio Anschau, que prestava serviços de sonorização na boate, afirmou à polícia que os garçons da casa "também utilizavam os mesmos efeitos pirotécnicos que o cantor [da Gurizada Fandangueira] estava usando". Para a polícia e a Justiça, a afirmação demonstra "ciência e concordância" dos donos da Kiss com o emprego dos artefatos.

Uma ex-funcionária da Kiss também afirmou à polícia que uma banda do próprio Spohr, chamada Projeto Pantana, também utilizava efeitos pirotécnicos em shows.

INCÊNDIO

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O local é famoso por receber estudantes universitários. Ao todo, 236 pessoas morreram e outras 119 permanecem internadas.

O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.

Sobreviventes relataram que, antes de perceberem o incêndio, os seguranças teriam impedido os jovens de saírem sem pagar.

Editoria de Arte/Folhapress

A maioria das vítimas morreu por asfixia durante a festa promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Muitas foram encontradas amontoadas nos banheiros, por onde tentaram fugir do fogo.

No local, havia apenas uma uma porta, que funcionava como a única passagem de entrada e saída da boate. Bombeiros e sobreviventes quebraram a fachada da casa noturna a marretadas para retirar as pessoas.

A boate Kiss, com capacidade para até 691 pessoas, recebeu entre 900 e 1.000 no dia do incêndio, de acordo com a polícia.

A direção da boate Kiss divulgou nota afirmando que a casa estava dentro da normalidade e creditou o incêndio a uma "fatalidade".

Editoria de Arte/Folhapress
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