Folha de S. Paulo


Policiais envolvidos em morte da juíza Patrícia Acioli são condenados

Três policiais militares acusados de assassinarem a juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011, foram condenados nesta quarta-feira (30).

Testemunhas confirmam ação de PMs na morte da juíza

Junior Cezar de Medeiros foi sentenciado a 22 anos e seis meses; Jefferson de Araújo Miranda foi condenado a 26 anos e Jovanis Falcão, de 25 anos e seis meses. Todos deverão cumprir as penas em regime fechado.

A juíza Patrícia Acioli foi morta a tiros na frente da casa dela, em Niterói, na região metropolitana do Rio, com 21 tiros. Em dezembro, Sérgio Costa Júnior, outro réu do caso, foi condenado a 21 anos de reclusão.

Efe
A magistrada Patrícia Acioli foi morta com 21 tiros quando chegava em casa após o trabalho; crime foi planejado depois que a juíza iniciou investigações sobre a corrupção no Batalhão de São Gonçalo
A magistrada Patrícia Acioli foi morta com 21 tiros quando chegava em casa, em Niterói

Para o juiz Peterson Barroso Simão, que presidiu o julgamento, a participação de cada um foi "decisiva". "A bárbarie não pode se espalhar em solo fluminense, nem brasileiro", frisou o magistrado, que manteve a prisão dos réus e declarou a perda do cargo público dos policiais.

TESTEMUNHAS

Ontem, 13 testemunhas e dois informantes foram ouvidos pelo juíz Peterson Barroso Simão, que presidiu o júri. Os réus prestaram depoimento e negaram envolvimento no crime.

A principal testemunha a prestar depoimento ontem foi a advogada Ana Claudia Abreu Lourenço. Ela relatou que avisou aos réus, pouco antes do crime, que a juíza havia decretado a prisão dos três.

Ainda na sessão de terça-feira (29), o primeiro a depor foi o delegado Felipe Ettore, que presidiu o inquérito sobre a morte da juíza na Delegacia de Homicídios do Rio. O delegado afirmou ao juiz que "os três tinham ciência do assassinato da juíza Patrícia Acioli, desde o início do plano até o seu desfecho final".

Outra testemunha foi o promotor Paulo Roberto Mello Cunha, que atuava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Ele lembrou que, desde 2008, estava sendo feito um trabalho conjunto de verificação e denúncia de autos de resistência supostamente forjados por policiais do 7º Batalhão da PM em São Gonçalo.

O coronel Mario Sergio Duarte, comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro na época do crime, também foi ouvido como testemunha de Junior de Medeiros. Após o depoimento, o coronel precisou receber atendimento médico.

"Ao tecer considerações pessoais sobre o inquérito da Polícia Civil, que declarou ter sido muito 'persuasivo', o coronel Mario Sergio irritou a promotoria de Justiça. Ele também afirmou que retirou a escolta de dois policiais da magistrada, mas que nunca soube que ela sofria qualquer tipo de ameaça", informou o tribunal, em nota.

CRIME

A magistrada foi morta com 21 tiros quando chegava em casa após o trabalho. Segundo investigações, a magistrada passou a incomodar o grupo de policiais quando foram iniciadas investigações sobre a corrupção no Batalhão de São Gonçalo.

A decisão de matá-la foi reforçada após dois integrantes do GAT (Grupo de Ações Táticas) serem presos sob suspeita do assassinato de Diego Beliene, 18 --os PMs eram investigados pela suspeita de terem forjado a morte de Beliene como sendo "auto de resistência", como são classificadas pela PM as mortes de suspeitos em confrontos.


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