Folha de S. Paulo


Dois presos são assassinados em penitenciária de João Pessoa (PB)

Dois presos foram assassinados ontem à tarde, dentro da penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, em João Pessoa, capital da Paraíba. Conhecida como Presídio do Roger, a unidade prisional tem capacidade para 650 detentos, mas abriga 900.

Segundo a assessoria da Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária), o crime ocorreu após o fim do horário de visitas, por volta das 16h. Os corpos foram encontrados no pavilhão 4, quando os agentes penitenciários acompanhavam o retorno dos detentos às celas.

De acordo com a secretaria, não houve motins ou qualquer tumulto. Acionados para reforçar a segurança, policiais do GPOE (Grupo Penitenciário de Operações Especiais) e do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) revistaram todo o pavilhão em busca de armas.

Segundo a assessoria do órgão, as mortes foram causadas por perfurações causadas por "armas brancas improvisadas". A imprensa paraibana informou que um dos mortos teria sido degolado, mas a secretaria não confirmou o fato.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para identificar os assassinos e apurar as causas do crime. A secretaria também promete abrir, ainda hoje, uma sindicância interna para checar os fatos. Mesmo sem muitos detalhes sobre a ocorrência, o órgão trata as mortes como "atípicas", já que os dois mortos, segundo a assessoria, pertencem a uma mesma facção criminosa, a chamada Al Qaeda.

O grupo é uma das três principais facções criminosas que a secretaria estadual reconhece disputar o domínio do tráfico, entre outros crimes, na Paraíba, sobretudo na periferia da região metropolitana de João Pessoa e de Campina Grande --segunda maior cidade do Estado. As outras duas facções são Estados Unidos e a ramificação paraibana do PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa criada em São Paulo, mas que já expandiu a atuação para outros locais.

Em fevereiro de 2011, após inspecionar a unidade, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) recomendou que a penitenciária fosse desativada por falta de condições mínimas para abrigar os presos. No relatório final do mutirão carcerário realizado no estado, o CNJ aponta que, além de as instalações serem "muito antigas, precárias e sem manutenção", 28 presos haviam sido mortos nos 18 meses anteriores à inspeção, feita em janeiro de 2011.


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