Folha de S. Paulo


Fernando Haddad assume a prefeitura de São Paulo

O prefeito Fernando Haddad (PT) foi empossado às 15h58 na Câmara Municipal de São Paulo, após fazer um juramento e assinar o termo de compromisso de posse. "Prometo exercer com dedicação e lealdade o meu mandato", jurou Haddad.

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No juramento, que faz parte do protocolo, ele disse também que defenderá a justiça social, a paz e a igualdade de tratamento aos cidadãos.

O prefeito prometeu, em discurso, que as portas de seu gabinete estarão abertas a todos os vereadores. "Sou daqueles que entende que o Legislativo não é um obstáculo para o Executivo", disse.

Fabio Braga/Folhapress
Fernando Haddad (PT) em cerimônia de posse na Câmara dos vereadores, em São Paulo
Fernando Haddad (PT) em cerimônia de posse na Câmara dos vereadores, em São Paulo

Haddad afirmou que pretende ajudar a recuperar a importância do Poder Legislativo. "Queremos manter um alto padrão de relacionamento, não só os da base de sustentação, mas com todos. As portas do gabinete e das secretarias estarão abertas", disse o prefeito.

Em seguida, a vice-prefeita, Nádia Campeão (PCdoB), também assinou o livro de posse e discursou. Ela defendeu a harmonia com a Câmara e homenageou Antônio Prado, o primeiro prefeito de São Paulo. "Foi abolicionista e implementou a energia elétrica da cidade, além de inaugurar a estação da Luz", disse.

Ela prometeu dar seqüência aos papeis exercidos por Marta Suplicy e Luiza Erundina (PT) e da ex-vice Alda Marco Antônio. "A decisão de eleger Haddad indica de forma clara que esse é o caminho a assumir", concluiu.

Agora, Haddad vai à prefeitura receber o cargo de Kassab. Entre os 1.500 convidados para a cerimônia, está o ex-presidente Lula.

DESAFIOS

Advogado, professor universitário, ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, 49, foi eleito com 3,4 milhões de votos e assume como o 61º prefeito de São Paulo, tendo como prioridade o enfrentamento de velhos problemas vividos pela população.

Entre eles estão enchentes, má qualidade dos serviços na saúde e educação, gargalos no planejamento urbano, falta de moradias no centro e de empregos na periferia e, os mais recentes deles, o fim da cobrança da taxa de inspeção veicular e as mudanças na política de vistoria de veículos.

Haddad terá ainda de equalizar a situação financeira da prefeitura, principalmente a dívida com a União.

Seus primeiros decretos, que serão publicados no "Diário Oficial" da cidade, reorganizam as 27 secretarias municipais e criam cinco comitês temáticos destinados a cuidar de projetos comuns de determinada área.

Entre as metas estão melhorar o atendimento na saúde e promover mudanças urbanas e econômicas que gerem empregos na periferia e moradia de qualidade no centro, incluindo a aprovação de um novo Plano Diretor, Código de Obras, Lei de Zoneamento e novas operações urbanas.

Mas, em seus primeiros dias de despacho no quinto andar do edifício Matarazzo, no centro, Haddad deve colocar em sua agenda dois temas prioritários: a situação financeira da prefeitura e as fortes chuvas que atingem a cidade.

ALERTA PARA CHUVAS

O prefeito já determinou aos secretários das áreas envolvidas atenção total ao problema. As prioridades são monitorar as áreas de risco --para evitar mortes em alagamentos e deslizamentos-- e fiscalizar com rigor o trabalho das empresas de limpeza pública, para garantir que o lixo não entupa as bocas de lobo.

Haddad recebe a prefeitura sem grandes preocupações financeiras. Ele tem cerca de R$ 6 bilhões em caixa, sendo R$ 2,5 bilhões comprometidos com despesas já feitas em 2012 e R$ 3,5 bilhões "carimbados" em áreas como saúde, educação e obras de operações urbanas --como o túnel de ligação da av. Roberto Marinho com a rodovia dos Imigrantes, que iniciou efetivamente na semana passada.

Para poder cumprir seus compromissos de campanha, ele precisa reduzir gastos e aumentar a receita.

Por isso, vai se dedicar nos próximos dias a definir a data em que entrará em vigor o aumento da tarifa de ônibus. Ele disse que não fará reajuste superior à inflação. Como o último reajuste foi há dois anos, a inflação já acumula 11,84%, o que elevaria a tarifa a R$ 3,36, no máximo.

O reajuste visa conter o crescimento dos subsídios às viações, que em 2012 atingiram o recorde de R$ 961 milhões. A cada mês sem aumento de tarifa, ele gastará R$ 35 milhões a mais em subsídios. Para 2013, estão previstos R$ 660 milhões.

Editoria de arte/Folhapress
Os secretários de Haddad

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