Às vezes salta aos olhos -e atinge o estômago- a excentricidade de São Paulo. Já diziam os moços do Premeditando o Breque, nos anos 1980, "não vá se incomodar com a fauna urbana de São Paulo".
Ao topar com o K'Pop Chicken, nos arredores do metrô Santa Cruz, nota-se o quão cosmopolita a cidade pode ser. Um restaurante que mais parece um fast food, que se diz coreano, mas pouco da Coreia tem. De lá mesmo, só a farinha usada na base da crosta do frango -o carro-chefe da casa (R$ 34, para dois). Se a escolha for junk food, vamos em frente.
Coxa e sobrecoxa desossadas passam por uma marinada de 12 horas e são embaladas primeiro em massa de tempurá e depois em uma
farinha de pão de forma.
Ao morder, permitam-me a onomatopeia, "crac, crac". Frango úmido, fritura seca.
Pode-se pedir dois molhos, de seis opções, para chuchar os nacos de frango, como mostarda com mel e pasta de pimenta. Esta, ufa, é capaz de dar picância às receitas. Afinal, é ou não é um coreano?
Tampouco se encontram ali as pequenas porções para compartilhar -mas o bulgogi servido no jantar (na chapa, R$ 49, para dois) é uma tentativa de volta às origens.
Trata-se do popular churrasco coreano -tiras de contrafilé são marinadas em purê de pera e condimentos e preparadas na chapa com cebola, cenoura e shimeji.
Nos restaurantes da comunidade (no Bom Retiro, na Aclimação), a carne costuma ser servida crua e vai à chapa (ou à grelha) na mesa.
E dá-lhe influências ao longo do menu -beira um pandemônio, ao som hit do coreano Psy, "Gangnam Style".
Há um pouco de um Japão americanizado no hot roll (R$ 22), com cream cheese, teriyaki e frango. México nas quesadillas (R$ 22) e Estados Unidos na sobremesa: sanduíche de cookies com sorvete e MM's (R$ 12). Trash, mas, se estiver no clima, tem sua graça.