No lugar do espinafre, o major-gomes. Para sobremesa, bacuri. Na hora de beber, um refresco de camu-camu.
Em meio à variedade da culinária nacional, um novo guia do governo federal, lançado neste mês, se dispôs a catalogar parte do universo de frutas, leguminosas, hortaliças e ervas das cinco regiões do país.
O resultado é uma publicação que lista 196 desses alimentos. Um número que só aumenta: em 2002, quando uma primeira edição sobre o tema foi lançada, eram 150 itens.
O documento, disponível na internet para consulta da população, reúne dados sobre origem, características e modo de preparo de pratos típicos. Entram na lista receitas como pão de açaí, rocambole de pinhão, rubacão e vatapá de inhame.
"Houve um trabalho de traduzir a receita de forma mais saudável, com menos açúcar", destaca Michele Lessa, coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Valorizar a biodiversidade brasileira e estimular a população a consumir mais frutas e legumes estão entre os objetivos do documento, diz. A publicação defende que a base da alimentação seja formada por alimentos frescos, em detrimento de produtos industrializados.
Para a chef Ana Luiza Trajano, que participou do lançamento, há uma tendência atual de retomada de hábitos alimentares do passado e de mudança de uma cultura em que "as pessoas foram aos poucos se distanciando da terra e abrindo pacotinhos".
Ela pondera que esse movimento -e a maior presença de alimentos regionais na rotina das pessoas- não diminuem o trabalho do chef na cozinha. Ao contrário.
"Geralmente os ingredientes mais simples são os mais difíceis de serem executados com perfeição. Simples não é simplismo", sentencia.
Pesquisador da Embrapa e integrante da equipe técnica responsável pela publicação, Nuno Madeira destaca que a compilação dos produtos regionais, diante das dimensões continentais do país, não é definitiva.
"A gente tem uma tendência meio pessimista de achar que o Brasil poderia ser melhor [em diferentes aspectos], mas no quesito de alimentos, é um dos países com maior diversidade", avalia.
Ele cita como exemplo a variedade de fontes de carboidrato no Brasil em comparação a outras culturas. Se o arroz e o milho são a base de refeições em países asiáticos e andinos, por exemplo, aqui o arroz e feijão se somam à batata e mandioca, por exemplo.
ALIMENTOS REGIONAIS BRASILEIROS
O QUÊ edição 2015 da publicação que reúne ingredientes brasileiros
ONDE Em pdf, na internet