Folha de S. Paulo


Produtora de vinho nos EUA, usa software para controlar fermentação

Uma das vinícolas mais tecnológicas do mundo está num dos terrenos mais históricos de Napa Valley, ao norte de San Francisco (EUA), onde uma família de argentinos decidiu escavar uma adega subterrânea digna de filme de ficção científica.

Escondida numa bucólica colina cercada de vinhedos, a adega levou oito anos para ficar pronta e tem o tamanho de um prédio de 18 andares. No fim do ano passado, o teto curvado ganhou projeções que mostram dados dos 24 tanques de fermentação, como a temperatura.

A Palmaz Vineyards, focada na produção de cabernet sauvignon, foi fundada pelo médico argentino Julio Palmaz, que ficou famoso e rico ao ajudar na criação do stent de coração. Ele é também colecionar de Porsches vintages, e seus 15 carros estão na vinícola, embora longe dos olhos do público, que pode visitar o local e experimentar os vinhos com reserva (palmazvineyards.com, US$ 60).

Divulgação
Teto curvado de adega subterrânea mostra projeções com dados dos taques de fermentação
Teto curvado de adega subterrânea mostra projeções com dados dos taques de fermentação

"Minha família veio para cá no auge das guerrilhas e do terror na Argentina, nos anos 1970. Meu pai veio para estudar, não achava que ia ficar. Mas, quando viu as oportunidades acadêmicas, mudou de ideia", lembra a filha mais velha e diretora de marketing, Florencia Palmaz.

A propriedade foi uma das primeiras vinícolas de Napa Valley, a Cedar Knoll, criada em 1881 pelo pioneiro americano Henry Hagen, que sofreu com a chegada da Proibição no começo do século 20. As uvas acabaram substituídas por outras planta- ções, como ameixas, e a casa principal chegou a funcionar como um bordel.

Hoje, o local é habitado pela família Palmaz, que comprou o terreno abandonado em 1997 e iniciou a plantação das vinhas do zero e a construção da adega, que teria custado mais US$ 20 milhões, de acordo com o "Wall Street Journal".

"No porão da casa, encontramos várias documentações da vinícola e ferramentas da época, como etiquetas de peso, marcadores de barris", diz Florencia. "No terreno, achamos restos dos tubos de irrigação e poços de água que nos apontaram para onde as vinhas ficavam. Foi um projeto divertido, coisa de arqueologista."

Com 22 hectares e 40 funcionários, a Palmaz Vineyards lançou seu primeiro vinho em 2001, com boas críticas. Por ano, produz entre 5.000 e 7.000 caixas, com rótulos que variam de US$ 55 (R$ 150) a US$ 120 (R$ 328) –a taxa para trazer seis garrafas para o Brasil, por exemplo, é de US$ 300 (R$ 822).

Christian Gastón Palmaz, irmão de Florencia, é o entusiasta tecnológico da família que vem trazendo novidades para a região, como um software para controlar a temperatura dos tanques de fermentação, que pode ser operado à distância pelo celular. Christian também usa um avião para tirar fotos aéreas com sensores infravermelhos que ajudam na irrigação.

"São coisas excêntricas para uma indústria que se move tão devagar. Há preconceito em abraçar novas tecnologias porque não entendemos muito bem o que melhora o vinho de fato", diz Florencia. "A cada temporada, a colheita é diferente. E você passa a carreira se perguntando por que o vinho está mais gostoso: fui eu ou só as vinhas?"
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PALMAZ CHARDONNAY AMALIA 2012
Napa Valley (EUA)
QUANTO US$ 60 (R$ 164)

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O vinho Palmaz Chardonnay Amalia 2012
O vinho Palmaz Chardonnay Amalia 2012
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O vinho Palmaz Estate Cabernet Sauvignon 2010
O vinho Palmaz Estate Cabernet Sauvignon 2010

PALMAZ ESTATE CABERNET SAUVIGNON 2010
Napa Valley (EUA)
QUANTO US$ 145 (R$ 397)


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