Folha de S. Paulo


Cresce demanda em oficinas de 'food truck'; saiba como eles são feitos

Em uma oficina da zona norte de São Paulo, nove pequenos caminhões estão passando por uma transformação. Os veículos estão sendo reformados para integrar, em breve, a frota de "food trucks" da cidade –que vendem de pizza assada em forno a lenha a espetinhos.

A procura por quem monta os caminhões está aquecida desde que começaram as discussões sobre a venda de comida de rua em São Paulo, em 2013. Levada à Câmara, a lei foi aprovada em dezembro; em maio, o prefeito Fernando Haddad assinou o decreto que a regulamentou.

Celso Oliveira, dono da oficina Bumerangue, adapta carros para comércio de comida há 27 anos. Segundo ele, desde que a lei foi aprovada, sua demanda cresceu 150%. "Respondo por dia a oito consultas. Em média, duas viram projetos." Para ele, o preço é o que faz muita gente mudar de ideia. Um "food truck", diz, pode custar de R$ 40 mil a R$ 250 mil.

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"Quando começamos o projeto do Buzina [há um ano], quase ninguém montava 'trucks'. Hoje, quem não fazia está fazendo", conta o chef Márcio Silva, do Buzina –montado em uma Sprinter com cozinha equipada para vender de hambúrguer a confit de pato, ele custou R$ 220 mil. Já um trailer como o do Los Mendozitos (que tecnicamente não é um caminhão, por não ter motor e precisar de reboque), equipado com adega para vinhos, custa cerca de R$ 40 mil.

FALTA CONHECIMENTO

Esses veículos, que ocupam feirinhas gastronômicas e até calçadas de lojas, despertam o desejo de simples cozinheiros a donos de restaurantes querendo expandir o negócio. "Mas nem todos sabem exatamente o que querem", diz Alcides Braga, da oficina Truckvan, que já recebeu 44 pedidos neste ano.

Fernando Mincarone, da oficina Ice Box, criou um passo a passo para os clientes que não sabem por onde começar. "As pessoas não têm noção do quão complexo é o projeto. Se você pensar bem, o 'food truck' é praticamente uma casa." Além da compra do veículo e da montagem da cozinha, há encanamento, caixa d'água, sistema elétrico, abastecimento de gás, revestimento e acabamento –tudo em espaço reduzido.

Há dois anos fazendo esses veículos, Luiz Lombardi, do Tota Implementos Rodoviários, tem na clientela principalmente chefs. "Quem não é do meio se baseia no preço. Quem sabe quanto custa uma cozinha industrial aceita mais o orçamento."

Só a cozinha, montada com equipamentos de restaurante, pode custar até R$ 60 mil. Já os "trucks" de sua oficina –que recebe desde fevereiro, em média, duas consultas diárias– saem entre R$ 170 mil e R$ 210 mil.


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