Folha de S. Paulo


É possível comer fruta no pé pelas ruas de São Paulo; descubra onde

Não parece, mas São Paulo pode ser um pomar. Olhando com cuidado nas ruas, não é raro deparar com frutas como amora, goiaba e até uvaia.

Em um breve passeio pela Vila Madalena, em São Paulo, a reportagem pôde encontrar pés de carambola, amora, pitanga e mexerica.

Quem os identificou foi Isaac Akira, chef do bar Las Magrelas (r. Mourato Coelho, 1.344) e criador de um mapa on-line colaborativo de árvores frutíferas (acesse em bit.ly/1fBB4db ) da capital. Não há um registro oficial desse tipo de árvores em São Paulo. Confira aqui a receita de salada de mamão verde do chef Isaac Akira.

William Mur/Folhapress
Bons lugares para comer fruta do pé em São Paulo

O projeto, que começou em 2009, tem mais de 350 indicações. Qualquer um pode incluir um ponto.

A prática de utilizar ingredientes colhidos em centros urbanos tem mais adeptos no mundo. Entre as iniciativas, está o trabalho de coletivos como o californiano Fallen Fruit e o Abundance London.
Os grupos mapeiam árvores, organizam caçadas de frutas e vegetais e promovem "geleiadas", convidando comunidades a fazer conservas, chutneys e geleias.

'MADE IN BRAZIL'

Buscar frutas em espaços públicos pode ser também uma forma de descobrir espécies nativas. Hoje, entre as 20 frutas mais consumidas no país, segundo o IBGE, apenas três (maracujá, goiaba e abacaxi) são naturais do país.

"No começo do século 20, na rua Maranhão, em Higienópolis, existia a melancia do campo, fruta que já foi extinta. Essas histórias vão sendo esquecidas", diz o botânico e ambientalista Ricardo Cardim, fundador da Associação dos Amigos das Árvores.

Para quem quiser conhecer frutas nativas, Cardim indica passeios no Instituto Butantan e no parque do Jaraguá, onde se encontra cambucá (tipo de jabuticaba amarela) e cabeludinha (de casca aveludada, rica em vitamina C).

Na hora de colher frutas direto do pé na cidade, valem algumas precauções.

Segundo Aloisio Sampaio, professor de produção vegetal da Unesp, não há indícios de que a contaminação do solo se transfira para as frutas, como geralmente acontece com hortaliças.

Mas é bom evitar os frutos de regiões contaminadas (que abrigaram, por exemplo, depósitos de lixo ou fábricas, que deixam passivos no solo). E, por causa da poluição do ar que pode se alojar sobre a fruta, lave-a bem.


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