Folha de S. Paulo


Expedição Brasil Gastronômico chega a MT e descobre sabores da cozinha local

A penúltima etapa da Expedição Brasil Gastronômico, que pretende desvendar a culinária de algumas regiões do país, conheceu nesta terça-feira um pouco do que o estado do Mato Grosso tem a oferecer, com a visita ao Mercado do Porto e restaurantes da capital Cuiabá.

No mercado, principal ponto de compra de produtos locais, a equipe dirigida pelo pesquisador Rusty Marcellini, acompanhada pela chef Ariani Malouf - dona do restaurante Mahalo, único classificado com duas estrelas pelo guia Quatro Rodas em toda a Região Centro Oeste -, conheceu os principais peixes da região, além de outros produtos utilizados na cozinha cuiabana.

Lá, os principais pescados são piraputanga, pintado, matrinxã, pacu, piau, bagre, pacupeva, cachara e piranha, limpos no local e vendidos em postas, picados e inclusive inteiros.

Ariani disse à "Agência Efe" que o cheiro verde é o principal tempero usado na região, junto com limão, alho e açafrão, deixando o peixe mais saboroso e conferindo a ele um gosto mais rústico. Porém, em seu restaurante, ela gosta de fazer experiências com esses ingredientes, mesclando com outros a seu gosto.

"No Mahalo, procuramos apresentar o pintado sempre no cardápio, porque ele é um peixe de carne mais clara, alta, podendo ser assado em um tamanho mais apresentável para servir em uma versão mais contemporânea, e procuro fazer uma releitura dos ingredientes locais", explicou Ariani.

Um exemplo dessa releitura é a mandioca, ralada, e a banana, preparada caramelizada ou em passa, ao invés de frita, para dar um toque mais leve aos pratos.

A chef Ariani preparou para a expedição a moquequinha de pintado com prensado de mandioca, coberta com farinha de Rondonópolis e geleia de pimenta. Um prato simples, mas com sabor de pantanal, que a chef se orgulha de preparar com uma entrada fantástica de salada e esfiha de carne com coalhada.

Aliás, Ariani, descendente de libaneses, confidencia que a receita da coalhada é de família, mas que fez questão de juntá-la aos produtos locais para dar um toque refinado ao prato.

Em relação às frutas da região, destaque para o pequi, que nesta época do ano não é encontrado in natura, mas em compota como doce ou em conserva, caprichosamente embalado em garrafas pet ou de vidro, pronto para o consumo.

Logo depois, a equipe foi à lanchonete Bolo de Arroz, uma casa bastante simpática onde é possível apreciar dois quitutes típicos da região: o bolo de arroz e o bolo de queijo.

Rusty ressaltou que os diferenciais gastronômicos vistos no primeiro dia em Mato Grosso foram os peixes típicos, a farinha de mandioca e a banana da terra.

"Vimos que o peixe é forte e existem pequenas diferenças entre os tipos, confundindo até os mais experientes na culinária local. Destaco a presença da farinha, mais grossa do que no Sudeste, além do uso da banana da terra em muitos pratos, como na farofa", afirmou.

O diretor da expedição também destacou o bolo de arroz e alguns doces, como o delicioso piché, um tipo de paçoca em farelo, feito de amendoim, canela, milho e açúcar, além dos doces em calda e o furrundum, feito de mamão verde e rapadura derretida ou açúcar mascavo.

No final do dia, a equipe viajou para a cidade de Cáceres, segunda etapa da expedição no estado, para nesta quarta-feira navegar pelas águas do rio Paraguai e adentrar no Pantanal, verificando a pesca da piranha e a criação de jacarés para o abate.


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