Folha de S. Paulo


Ministro Edinho Silva contesta manchete do jornal

O tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014 e hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, enviou carta à ombudsman contestando informações do texto da manchete "Doleiro lança nova suspeita sobre o comitê de Dilma", publicada na edição de sexta-feira (3).

Veja a íntegra da mensagem e a resposta da Sucursal de Brasília:

"Folha comete erros que distorcem depoimento de Yousseff

A campanha da presidenta Dilma Rousseff à reeleição não recebeu absolutamente nenhum recurso que não tenha sido doado licitamente e contabilizado como determina a lei, razão pela qual suas contas foram auditadas e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral por unanimidade.

A manchete da Folha desta sexta-feira (3) é um equívoco, resultado de reportagem que interfere na verdade factual para forjar suspeitas e insinuações contra a campanha da reeleição.

Exclusões e omissões de palavras e alterações dos fatos fazem parte de um método que consiste em construir uma denúncia sem vínculo sólido com a realidade.

A Folha chancela especulações que nem mesmo o delator premiado se dispôs a confirmar. Ao ser interrogado sobre o suposto encontro, o doleiro disse que nunca tinha visto o seu interlocutor, não sabe direito quem o apresentou e nem sequer lembra exatamente o seu nome.

Além de dar crédito a informações tão imprecisas, a reportagem da Folha comete inúmeros erros em relação ao depoimento.

Erro número 1

A Folha escondeu dos leitores a ênfase –taxativa e repetida– com que o doleiro afirmou aos seus interrogadores que não teve rigorosamente nenhum tipo de contato com a campanha da reeleição. Foram quatro negativas antes das especulações do depoente.

Erro número 2

A Folha diz que o investigado na Operação Lava Jato foi procurado por um "emissário" da campanha da presidenta. Não é verdade. Em nenhum momento do interrogatório a que foi submetido, o doleiro identificou o indivíduo que o teria procurado como emissário de quem quer que seja, mas apenas como alguém que teria dito que queria sua ajuda para trazer ao Brasil recursos que, segundo o homem, cuja identidade o doleiro desconhece, seriam utilizados na campanha eleitoral.

Erro número 3

A Folha induz o seu leitor a acreditar que o suposto contato do doleiro com um indivíduo que ele não lembra quem é seria uma "operação" de internalização de recursos para a campanha eleitoral. Não foi. O doleiro não foi mais procurado e diz que não chegou a tomar qualquer providência a respeito da consulta que lhe teria sido feita, mesmo porque nenhuma informação precisa lhe foi apresentada. A Folha diz na "Primeira Página" que o doleiro teria afirmado que "não finalizou a operação". Não é verdade. A suposta operação não poderia ser finalizada porque nem sequer foi iniciada. O depoente deixa claro que não houve operação alguma.

Erro número 4

A Folha tenta impor ao leitor a falsa impressão de que a internalização de recursos para a campanha foi uma "operação" que só não aconteceu porque o doleiro foi preso. Trata-se de grosseira distorção. Não é verdade que o doleiro teria dito, no interrogatório, a frase "aí aconteceu a questão da prisão, e eu nunca mais o vi''. Esta frase foi modificada pela Folha na reportagem, com a retirada de uma palavra que modifica o seu sentido. A frase literal do doleiro ao seu interrogador é: "Aí aconteceu o negócio da prisão e eu TAMBÉM nunca mais o vi". O uso da palavra "também" pelo doleiro mostra que, na opinião dele, teria havido tempo para ver de novo o seu interlocutor, e que não foi por causa da prisão, ocorrida 60 dias depois, que isto deixou de acontecer.

O que fica claro é que por quatro vezes o depoente foi taxativo quanto ao seu não envolvimento na campanha presidencial de 2014. No restante do depoimento, o depoente foi vago sobre quem o procurou e sobre quem o apresentou, além do valor envolvido.

Secretaria de Comunicação Social
Presidência da República"

RESPOSTA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Folha não errou nem distorceu o depoimento, e a posição da Secretaria de Comunicação Social foi contemplada. A negativa do doleiro em ter feito a operação é explicitada no texto. O "também", omitido na transcrição, não permite chegar à conclusão do missivista dentro do contexto do interrogatório. Por fim, a pergunta do juiz acerca do emissário é claramente vinculada à campanha da reeleição:

"Aqui nesta ação eleitoral de investigação o objetivo dela é a reeleição da presidente Dilma. O senhor foi procurado para fazer esse trabalho visando a campanha da reeleição da presidente Dilma? E por quem?"

Igor Gielow, diretor da Sucursal de Brasília


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