Folha de S. Paulo


'Vontade política' pode ajudar nas exportações de farelo de soja

China Foto Press/Getty Images
Farelo de soja é descarregado de um navio no Porto Fangchenggang, em Fangchenggang (China). *** FANGCHENGGANG, CHINA - APRIL 10: (CHINA OUT) Soybean meal is unloaded from a ship at Fangchenggang Port on April 10, 2011 in Fangchenggang, Guangxi Province of China. China posted its first quarterly trade deficit in seven years, as the government announced a 1.02 billion US dollar deficit in the first quarter of 2011. (Photo by ChinaFotoPress/Getty Images) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Farelo de soja é descarregado de navio no Porto Fangchenggang, na China

O setor de soja está bem estruturado internamente. A produção cresce, e o país abocanha boa parte do mercado externo desse produto.

Um dos desafios, portanto, é ter um olhar mais acurado para o setor externo. Para que isso ocorra, é necessário um envolvimento maior das autoridades brasileiras no relacionamento com alguns países importadores da oleaginosa, principalmente os asiáticos.

"É preciso mais vontade política", diz Carlo Lovatelli, presidente-executivo da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Essa vontade política pode ser uma abertura de canais de diálogo entre governos, aprimorando o relacionamento comercial.

No caso da China, seria colocar não só soja em grão naquele país mas também exportar farelo de soja. Atualmente os chineses só compram o produto em grãos.

Mas, para adquirir farelo de soja, os chineses provavelmente vão colocar uma contrapartida, exigindo, por parte do Brasil, a compra de produtos deles. Aí entram as negociações entre governos.

Lovatelli diz que, além da China, a Coreia do Sul, o Vietnã e a Tailândia seriam bons mercados para o farelo brasileiro.

O Brasil precisa elevar as exportações de farelo. A demanda interna cresce, mas a cada ponto percentual na mistura de biodiesel ao diesel o país esmaga mais 2 milhões de toneladas de soja, de onde provêm 1,5 milhão de toneladas de farelo e 400 mil toneladas de óleo.

Um dos objetivos da Abiove é a exportação de pelo menos 5 milhões de toneladas de farelo para os chineses. Se o país atingir esse objetivo, obterá receitas anuais de US$ 1,65 bilhão a mais apenas com esse produto.

Mas como convencer os chineses a comprar farelo do Brasil se só adquirem grãos? Eles não têm muito que escolher, na avaliação de Lovatelli. O Brasil é o único país que tem potencial de fornecimento dessa matéria-prima para eles.

"Nós precisamos deles, mas eles também precisam de nós", diz o executivo da Abiove.

Uma abertura de mercado para o farelo poderia até aliviar a situação da indústria brasileira em situações como a deste ano. A queda de 5% na produção de carne de frango fez as vendas internas de farelo de soja recuarem 4%, segundo Fabio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove.

COMO FICA 2017

A produção de soja deverá atingir 102 milhões de toneladas em 2017. Deste volume, 58 milhões serão exportados, com receitas de US$ 21,5 bilhões.

Já a exportação de farelo sobe para 15,5 milhões de toneladas, rendendo US$ 5,1 bilhões.

Incluindo as receitas com óleo de soja, as exportações de todo o complexo soja devem render US$ 27,6 bilhões, na avaliação da Abiove. Neste ano, as vendas externas rendem US$ 25 bilhões.

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Safra de grãos sustenta alta da renda no campo

A produção agropecuária brasileira deverá atingir valor de R$ 553 bilhões en 2017, 5,5% mais do que neste ano.

As lavouras vão dar sustentação a essa aceleração, com aumento médio de 7,2%, segundo José Gasques, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.

A pesquisa do ministério inclui 21 produtos, 14 dos quais deverão apresentar aumento no Valor Bruto de Produção.

Entre as quedas estão batata, cebola tomate e fumo.

Já no setor de pecuária, Gasques indica uma boa recuperação no setor de frango, cuja valor de produção subirá para R$ 58,5 bilhões, 5,6% mais do que vai ocorrer neste ano.

O setor de bovinos será a única queda entre os produtos avaliados pelo ministério no setor de pecuária (setor que inclui bovinos, frango, suínos, leite e ovos). O recuo será de 3% no próximo ano, para R$ 72 bilhões.

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O peso do "extra" - Um dos desafios para as indústrias de moagem de soja é lidar com os "extras", problemas vindos de questões tributárias, ambientais e de logística, segundo Carlo Lovatelli, da Abiove.

Ritmo intenso - A primeira estimativa do VBP (Valor Bruto de Produção) de Mato Grosso para 2017 indica alta de 13% em relação a este ano. O valor subirá para R$ 63,6 bilhões, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).


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