Folha de S. Paulo


Agronegócio perde peso na balança comercial

Editoria de Arte/Folhapress

O primeiro semestre já aponta para queda de participação que os produtos básicos terão no saldo da balança comercial do ano. Boa parte dessa queda é de responsabilidade do agronegócio.

O complexo soja, líder nacional em exportações somou US$ 15,9 bilhões até junho, 21% menos do que em igual período do ano passado.

Ainda nesse segmento, a maior queda ficou para as vendas externas de soja em grãos, que caíram para US$ 12,5 bilhões, 22% menos do que em 2014.

As carnes "in natura", outro item de peso na balança comercial brasileira, renderam US$ 5,1 bilhões neste ano, 9% menos, conforme dados da Secex.

A queda de receitas ocorre –não obstante o aumento do volume exportado– devido à redução dos preços internacionais das commodities.

O volume recorde exportado de carne de frango "in natura", por exemplo, atingiu 371 mil toneladas no mês passado, 33% mais do que em junho de 2014.

Nesse mesmo período, no entanto, o preço médio da tonelada da proteína teve recuo de 16%.

Com isso, as receitas, mesmo com o volume recorde das vendas, subiram apenas 12% no período.

Acrescentando-se à carne "in natura" de frango outros cortes processados, o volume total sobe para 396 mil toneladas, também um recorde mensal, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O grande destaque negativo entre as commodities continua sendo o minério de ferro, cujas exportações recuaram para US$ 7,2 bilhões nos seis primeiros meses deste ano, 49% menos do que no primeiro semestre de 2014.

Já o petróleo manteve exportações de US$ 6,4 bilhões, com queda de 6%, uma das menores do setor de commodities.

A balança comercial do agronegócio teve, no entanto, alguns destaques positivo. Entre elas as exportações de café, que superaram 36 milhões de sacas nesta safra 2014/15, encerrada no dia 30 de junho.

Os preços atuais do mercado externo já não têm o mesmo vigor dos de há um ano. Mesmo assim as receitas com café de janeiro a junho subiram para US$ 2,9 bilhões no ano, 12% mais do que em igual período de 2014.

Fumo em folha e algodão também conseguiram obter receitas superiores às de janeiro a junho do ano passado.

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Deputado contesta posição de ministra sobre importação de café

A intenção da ministra da Agricultura é ótima, mas o caminho da importação é um equívoco. Essa a avaliação do deputado Evair de Melo (PV-ES) sobre a posição da ministra Kátia Abreu em relação à importação de café, publicada por esta coluna na quarta-feira (1º).

A ministra defendeu que a importação de café não deve ser um tabu e que quem é produtor competitivo não pode ter medo de outros mercados.

Melo diz que a busca de um café com qualidade, marca e indicação geográfica é salutar, mas que a importação do café verde não traz vantagens para o país.

A importação visa apenas as indústrias, sem nenhum benefício para o produtor, segundo ele.

Quando se refere à falta de agregação de valor e à presença brasileira em outros mercados, Melo diz que "erramos no processo histórico, mas não é o produto de outras origens que vai trazer valor agregado para o nosso mercado".

Melo entende que antes deverá ser feito o dever de casa, que inclui uma política industrial clara para para a valorização das marcas.

O Chile não faz vinho com matéria-prima importada, nem a França produz queijo importando leite, diz ele.

Ou seja, o Brasil produz cafés de aromas e sabores suficientes para o desenvolvimento de um bom produto.

Além desses problemas comerciais e industriais, o deputado destaca o risco fitossanitário. As pragas poderão vir não apenas para o café mas também para feijão, mamão e cacau.

Apesar da posição contrária à da ministra, ele diz que o debate é sempre bem-vindo. "O café está muito frio, e é preciso esquentá-lo."

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Leite O preço médio bruto recebido pelo produtor foi de R$ 1,0413 por litro líquido em junho, 2,7% mais do que em maio, mas 5,2% inferior ao de igual período do ano passado.

Captação Essa alta ocorre devido à disputa maior pelo produto, uma vez que a captação de leite teve pouca variação neste período de entressafra, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).


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