Folha de S. Paulo


Aposta de tradings na cana está diminuindo

As principais tradings mundiais não estão satisfeitas com os negócios de açúcar e de álcool no pais. Mais uma mostrou sua insatisfação ontem. Na divulgação do relatório do terceiro trimestre, nos Estados Unidos, a Bunge diz que o "status quo" não pode continuar e a intenção da empresa é buscar novas alternativas, o que foi entendido pelo mercado como até uma saída do setor.

A entrada das multinacionais no setor sucroenergético no país ocorreu em um momento de boas estimativas de crescimento.

Acostumadas a comprar matérias-primas no país e a colocá-las no mercado externo com uma margem segura nas negociações, essas tradings encontraram barreiras a que não estavam acostumadas quando tiveram de entrar porteira adentro e cuidar também da produção, como é o caso da cana-de-açúcar.

Além de entraves operacionais na produção, as tradings estão vivendo nos últimos anos os problemas internos e externos de toda a cadeia sucroenergética.

Externamente, o "namoro" do etanol commodity com o mercado não virou "noivado", e a a demanda mundial continua restrita ao Brasil e aos EUA. O açúcar, com superavit mundial, já não garante mais a renda do setor.

Internamente, os olhos do governo se viraram mais para o pré-sal, e as medidas anunciadas para o setor sucroenergético não terão efeitos enquanto o valor do etanol estiver espelhado ao da gasolina, que é controlada.

Além disso, as exigências brasileiras no campo ambiental e na área de trabalho, embora justas, elevaram os custos da produção em um momento de margens reduzidas na comercialização.

As tradings, que têm uma cobrança das matrizes externas por lucros e margens, perceberam que os riscos agricultura (clima e queda de produtividade) e governamental (interferência no mercado e controle de preços) tornam esse setor pouco atrativo.

As tradings veem um cenário pela frente bem pior do que quando entraram no setor. Além disso, perceberam que produzir -assumindo riscos- é diferente de comprar e agregar margens.
Açúcar e etanol são commodities, mas a cana-de-açúcar não é. E o caminho para torná-la subprodutos não é fácil.

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Bunge As vendas líquidas totais do grupo foram de US$ 14,7 bilhões no terceiro trimestre deste ano, 11% menos do que em igual período do ano anterior.

No ano De janeiro a setembro, no entanto, as vendas subiram para US$ 45 bilhões, 2% mais do que no mesmo período de 2012.

Açúcar No trimestre, as vendas nos setores de açúcar, agricultura, alimentos e fertilizantes tiveram um ritmo menor.

Menos Os argentinos vão semear 1,63 milhão de hectares destinados ao girassol na safra 2013/14. Os dados são da Bolsa de Cereais e, se confirmados, ficam 9% abaixo dos da safra passada.

Acertos O açúcar caiu 1,6% ontem em Nova York. O gargalo das exportações do Brasil pode ser menor do que se previa.

Em queda A Índia prometeu vender 120 mil toneladas de trigo. O preço recuou 1% em Chicago.

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Para Bolsa, trigo soma 10,4 mi de t na Argentina

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgou ontem novo panorama da produção de trigo na Argentina. As primeiras áreas colhidas foram as que mais sofreram os efeitos climáticos.

O resultado é uma produção de sete sacas por hectare. O preço está tão elevado que compensa a colheita.

As regiões de maior área cultivada têm bom desempenho, o que deverá manter a produção do país em 10,35 milhões de toneladas.

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Editoria de arte/Folhapress

Carnes - Preços voltam a cair no mercado paulista

O quilo de frango vivo recuou ontem para R$ 2,60 nas granjas paulistas. Na avaliação do mercado, esse pode não ser o fundo do poço. O preço do boi também se mantém em queda. A arroba foi negociada a R$ 108 ontem no noroeste de São Paulo, conforme dados da Informa Economics FNP.


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