Folha de S. Paulo


A tolice da crítica dos invejosos no futebol

Ale Vianna/Eleven/Folhapress
Wendel e Maicon - Partida entre Corinthians e Grêmio, válida pela 1º rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol 2016
Maicon, do Grêmio, disputa bola com Wendel, do Corinthians, pela primeira rodada do Brasileiro

A maioria da sociedade brasileira aguarda a aprovação, pelo Congresso, da Lei de Combate à Corrupção, proposta pelo Ministério Público Federal. É preciso mudar as regras, a estrutura atual. É o que deveria acontecer também na CBF. Não basta trocar os nomes.

Dias atrás, recebi um convite de alguém da Federação Mineira de Futebol, intermediária da CBF, para ser um dos embaixadores da entidade no jogo entre Brasil e Argentina. Iria a algumas solenidades e seria homenageado antes da partida. Parece que não me conhecem e/ou que querem me corromper.

Nunca aceitaria o convite de uma entidade em que o ex-presidente está em prisão domiciliar e que o atual não pode sair do país, com medo de ser algemado. Não estou também atrás de uma boquinha.

Brasil e Argentina vivem situações inversas às que tinham antes dos quatro últimos jogos. A ausência de Messi e a chegada de Tite foram determinantes para a mudança. Apesar da boa expectativa em relação ao time brasileiro nos próximos anos, as mudanças rápidas na tabela servem de alerta para as incertezas do futebol. Quatro jogos é um período muito curto para se tirar conclusões definitivas e para tanta euforia.

No meio de semana, Grêmio e Atlético-MG confirmaram as previsões e vão fazer a final da Copa do Brasil. Falta ao Cruzeiro o que o rival, o Atlético-MG, tem de melhor, muita qualidade individual do meio para frente. A força principal do Grêmio está nos dois volantes, Wallace e Maicon, que marcam muito e sabem jogar futebol.

No futebol brasileiro, basta alguns resultados, mesmo se forem uma conquista de um torneio de jogos mata-mata, como a Copa do Brasil, para tudo ficar maravilhoso. Técnicos que estavam no ostracismo, como Renato Gaúcho, passam a ser endeusados, jogadores comuns viram excelentes, e análises das vitórias ficam espetaculosas. Se o Grêmio não for campeão e não conseguir vaga na Libertadores, Renato voltará a ser um técnico "boleiro", sem preparo científico. É tudo ou nada.

No Brasileirão, independentemente do resultado de ontem e de hoje, os times que possuem o maior número de bons jogadores são os que estão à frente. Óbvio, quase sempre é assim, o que não tira a importância dos técnicos. O Botafogo, dirigido por Jair Ventura, é exceção. O time, o conjunto, é superior à soma de qualidade de seus atletas.

Na Copa dos Campeões, o Manchester City, dirigido por Guardiola, na vitória por 3 a 1 sobre o Barcelona deu um show de jogo coletivo e de marcação por pressão na saída de bola da defesa. Diferentemente dos outros melhores times do mundo, quase todos os reservas do Barcelona estão muito abaixo dos titulares, o que ocorre há vários anos. Piqué, Iniesta e Jordi Alba fizeram muita falta nesse jogo, além de o time não ter um substituto à altura de Daniel Alves, que foi para a Juventus.

É lamentável, ridículo, escutar de Luxemburgo que Guardiola é apenas marketing. A inveja é um sentimento tolo, mesquinho.

Alguns podem estranhar quando elogio alguém, mesmo sendo um elogio factual, técnico, como fiz em relação a Luxemburgo, na coluna anterior, e, depois, o critico duramente, como faço agora, como se um analista, de qualquer área, tivesse de ser sempre a favor ou sempre contra. Esse radical antagonismo é cada dia mais frequente no país.


Endereço da página:

Links no texto: