Trazidos para dentro de casa e criados como filhos, cães e gatos são hoje parte de muitas famílias brasileiras, em todos os sentidos. Isso significa que estabelecem conosco laços afetivos, relações de compromisso e... implicam gastos. Soa óbvio? Parece que não.
Esse é o dado mais surpreendente revelado por pesquisa feita pelo SPC Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas: 60,2% dos entrevistados (internautas que são responsáveis por animais de estimação) admitem que não se planejaram financeiramente antes de adotar/comprar o pet, enquanto outros 18,9% afirmaram ter feito apenas um planejamento parcial (consideraram alguns gastos, mas, de fato, decidiram ter o animal sem pensar muito).
É a mais clara mensuração da compra de animais por impulso. E o resultado se revela em muitos outros dados da pesquisa
Já com o animal em casa, 73% das famílias afirmam que houve gastos inesperados com o bicho —54,2% relacionados a alguma doença do pet (que nem sempre pode ser prevista, de fato), mas 24,4% decorrentes de vacinas, que são absolutamente previsíveis.
Tem mais: 43,8% comprometeram o orçamento familiar ou fizeram dívidas para pagar despesas do cão ou do gato, 23,5% cortaram parte dos gastos com o animal (deixaram de comprar brinquedos, mudaram marca de ração e reduziram idas ao banho e ao veterinário), e, no limite, 14,2% estão com o nome sujo por causa do desembolso com o pet.
Às vésperas do Natal, fica um convite à reflexão. Não estou sugerindo que você não tenha um pet. Ao contrário! Eles mudam nossa vida para melhor. Mas seja razoável.
Tem uma frase de para-choque de caminhão que é tão batida quanto verdadeira: "animal não é brinquedo, sente fome, dor e medo". Eu acrescentaria: e requer tempo e dinheiro. Você está disposto?
| Rodrigo Fortes | ||
 |
||
*
A coluna "Bichos" é publicada aos domingos, semanalmente, na revista sãopaulo.