A cena se dá na sala da casa. Jonathan, um papagaio cinza africano, está no poleiro, de costas para um tablet. Na tela do aparelho aparece o empresário Maurício Catelli, 50 anos, sentado em uma cadeira em seu escritório.
"Jonathan, aqui. Vira para o papai", diz Catelli. E Jonathan, surpreendentemente, vira-se para a tela. A ave estava sozinha na sala e, apesar de não ter asas cortadas, não saiu do poleiro, não voou, não tentou bicar o aparelho eletrônico.
Catelli então anuncia ao papagaio que vai lhe mostrar uma pintura e coloca diante da câmera do tablet a foto de uma maçã. "O que é isso?", questiona Catelli. "Apple", responde o papagaio.
Com essa interação, o paulistano Jonathan acaba de entrar para a história: aos quatro anos, ele é o primeiro animal a reconhecer um objeto por sua representação gráfica (foto, desenho) na tela de um computador, de forma remota.
Jonathan preenche uma lacuna existente há dez anos -desde a morte do norte-americano Alex, o papagaio cinza africano que mudou a forma como a ciência encara a capacidade cognitiva das aves ao reconhecer formas, cores e tamanhos, além de formular perguntas. Alex, no entanto, nunca reconheceu imagens em 2D. Naquela época, nem se imaginava tentar isso por Skype.
Esse e outros vídeos que demonstram as peripécias de Jonathan estão disponíveis na internet, numa página que já conta com mais de 130 mil seguidores.
A gravação termina de forma inusitada. Ao fundo da cena, a cadelinha da família cruza a sala. O papagaio desvia a atenção da tela (na qual Catelli mostra uma espiga de milho e aguarda a resposta), assobia e chama "Luna, Luna".
Jonathan não só reconheceu o cão como acessou mentalmente a informação do como deveria chamá-lo. Alguma dúvida de que isso é pensar? Essa é a pergunta da vez.
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Nas próximas semanas, um pouco mais da história de Jonathan e das aves de Catelli.
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Nas próximas semanas, um pouco mais da história de Jonathan e das aves de Catelli.
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| Keiny Andrade/Folhapress | ||
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