Folha de S. Paulo


Arranhadores por natureza

Conheço poucas casas que têm gatos e que mantêm inteiros os braços dos sofás. Arranhá-los é um dos passatempos preferidos dos bichanos. E, se o assunto vem à tona, o dono do gato dispara: "O que posso fazer para ele parar de arranhar?"

A resposta não é empolgante: não pode fazer nada. O máximo que você pode --e deve-- fazer é oferecer um brinquedo para que o gato transfira sua sessão de destruição dos móveis para o arranhador.

Arranhar é comportamento instintivo dos gatos, que se manifesta inclusive nos que tiveram as unhas removidas, prática que, felizmente, foi proibida no Brasil em 2008.

Ilustração Tiago Elcerdo

Eles arranham por três motivos básicos. Primeiro: as garras são um instrumento de sobrevivência e precisam estar afiadas para serem funcionais. Pontiagudas, elas oferecem uma boa retenção da presa e uma boa aderência a superfícies de deslocamento nem sempre horizontais.

Segundo motivo: gatos arranham para marcar território. Deixam um sinal visual de que estão na área e liberam ferormônios de glândulas localizadas debaixo das patinhas, espalhando seu cheiro por toda a parte.

Por fim, arranhar é um exercício, porque o gato se esforça e se estica, fortalecendo músculos e tendões.

Então, para que toda essa terapia felina possa acontecer sem grandes prejuízos à decoração, a saída é instalar o tal arranhador na casa.

O brinquedo, no entanto, não pode ser aquela coisa de míseros centímetros e que despenca na primeira puxada. Precisa ser grande o bastante para comportar todo o gato, não deve se mover nos acessos de arranhadura do felino (porque ele vai se assustar e não voltará mais) e deve ter uma textura atraente (eles adoram sisal, por exemplo).

Comprou? Coloque o brinquedo perto do local mais arranhado pelo gato. Se ficar muito no meio da sala, tenha paciência. Só comece a deslocá-lo, gradativamente, quando o gato tiver, de fato, adotado o equipamento como seu novo ponto de destruição. Se não, ele voltará ao sofá.


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