Folha de S. Paulo


Reforma promete resgatar projeto original do edifício Prudência

Leonardo Finotti/Folhapress
Edifício Prudência, na av. Higienópolis, 235
Edifício Prudência, na av. Higienópolis, 235

Por muitos anos, reformas em prédios históricos causavam arrepios. Trocavam-se materiais nobres por cópias baratas e acrescentavam-se muros e guaritas sem a menor preocupação estética.

Já o edifício Prudência, obra-prima da dupla Rino Levi e Burle Marx, deve ganhar um restauro valorizador. O jardim nos fundos, mutilado para criar mais vagas de garagem, será refeito. Os imponentes pilares marrons na entrada, que foram fechados com esquadrias nos anos 1970, voltarão a ficar livres, em obra que será comandada pelo arquiteto Gui Paoliello.

O Prudência foi o primeiro grande condomínio da avenida Higienópolis. Concebido durante a Segunda Guerra, quando a elite ainda se negava a morar em apartamentos, o Prudência venceu preconceitos. Oferecia unidades com metragem de 315 a 350 metros quadrados e quatro dormitórios com paredes dispensáveis, permitindo rearranjos para quartos maiores ou menores. Belos armários de madeira serviam de divisória entre quartos e o corredor, com dois metros de largura.

Criada em 1930, a Prudência Capitalização, Companhia Nacional para Favorecer a Economia era uma rara empresa autorizada pela ditadura Vargas a oferecer títulos de capitalização. Entre seus maiores acionistas, estavam a Usina Esther e as famílias Alves de Lima e Toledo Lara. O edifício foi vitrine da Prudência, mas o retorno financeiro não deve ter estimulado a empresa a produzir outros condomínios do estilo. Com problemas políticos e de caixa, teve sua licença cassada em 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitschek.

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Edifício Prudência
(1944)
Av. Higienópolis, 235


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