Folha de S. Paulo


Novos livros de colorir para adultos prometem 'conteúdo'

Os livros de colorir começam a perder fôlego. Se em maio chegaram a ocupar oito dos dez primeiros lugares da lista de não ficção do site Publishnews, nesta semana há apenas três livros da Sextante e um da Record nos dez mais.

Editoras que resolveram tirar algum proveito do fenômeno, no entanto, ainda buscam variações do tema. A novidade, agora, são livros que prometem... Conteúdo.

A Editora Sesi-SP preparou dois nessa linha, um com desenhos de Arthur Rackham (1867-1939), o ilustrador de "Alice no País das Maravilhas", e o outro, "Barba Azul", com imagens de Charles Perrault (1628-1703). Segundo a editora, "cada uma das ilustrações representa em si uma narrativa e serve de estímulo à imaginação".

Divulgação
Livros para colorir da editora Sesi-SP, com ilustrações de clássicos da literatura infanto-juvenil
Livros para colorir da editora Sesi-SP, com ilustrações de clássicos da literatura infanto-juvenil

O FLERTE DE CLARICE

Da digitalização do acervo de Hilda Hilst (1930-2004) na Casa do Sol, em Campinas, onde ela viveu, começam a sair preciosidades.

Nos últimos dias, o trabalho feito com apoio do Itaú Cultural localizou dez cartas inéditas de Clarice Lispector (1920-1977) para Mora Fuentes (1951-2009), escritor e artista espanhol que, após breve caso com Hilda, virou amigo e passou a viver com ela.

Enviadas entre 1974 e 1975, as cartas de Clarice deixam perceber um pequeno flerte, com ameaças de um encontro que parece nunca acontecer.

"Você é casado? Que idade tem? Eu tenho setecentos anos e às vezes nem sequer ainda nasci", escreve ela, em 26 de maio de 1974. Dois meses depois, a escritora alerta: "Não me curta muito, faz mal". Numa das últimas cartas, pede a ele que lhe envie uma mandala "para encher de amor um coração vazio".

CONEXÃO LATINA

O peruano Santiago Roncagliolo, 40, abre os trabalhos da série "Narrativas Contemporâneas", que pretende trazer a São Paulo, a cada dois meses, um expoente da literatura latino-americana. O autor de "Abril Vermelho" (Alfaguara) –premiado romance que trata da violência do país onde surgiu o grupo terrorista Sendero Luminoso– estará no Sesc Ipiranga no dia 29, em conversa com Joca Reiners Terron.

Roncagliolo mora em Barcelona e virá ao país com apoio do Consulado Geral do Peru. O Sesc, que tem planos de um projeto maior envolvendo latino-americanos para 2016, ainda não tem outros nomes confirmados.

INFANTIL

"Jumanji", o livro clássico com texto e ilustrações de Chris van Allsburg, e que originou o filme homônimo de 1995, ganha edição pela Cosac Naify no final deste mês, na tradução de Érico Assis

Eu sou trezentos "Macunaíma", livro mais conhecido de Mário de Andrade (1893-1945), vai se multiplicar em 2016, quando a obra do modernista cai em domínio público. Além da versão em quadrinhos de Angelo Abu e Dan X programada pela Peirópolis, conforme noticiou o "Painel das Letras" na última semana, está em produção outra HQ da obra, por Rodrigo Rosa, para a Ática.

Eu sou trezentos 2 Do escritor, a editora paulistana também prepara a quadrinização de "Amar, Verbo Intransitivo", roteirizada por Ivan Jaf e com ilustrações de Eloar Guazzelli.

Budismo Monja Coen fechou contrato com a independente Bella para um livro sobre como o budismo enxerga a depressão e como seus preceitos podem ajudar a combatê-la. Os originais devem ser entregues em setembro à casa, que tem sucessos na área de religião e histórias de vida, como a biografia do médium Divaldo Franco.

Blurb A história de como a censura ajudou a delinear a literatura em três momentos históricos —na França do século 18, durante o domínio britânico na Índia e na Alemanha comunista (1949-1990)— instigou o historiador americano Robert Darnton a escrever "Censors at Work - How States Shaped Literature".

Blurb 2 O livro, previsto pela Companhia das Letras para 2016, tem curiosidades como uma modalidade de censura, no Antigo Regime francês, que mais lembra os atuais "blurbs", frases elogiosas estampadas na capa de livros. Darnton relata que, no século 18, algumas obras saíam com um selo de "aprovação e privilégio do rei".

Blurb 3 Essas aprovações eram censura, diz Darnton, porque eram uma maneira de o rei manter autoridade até sobre a palavra. Um dos "censores reais", um professor de Sorbonne, diz, sobre uma obra de 1722: "Foi um prazer ler este livro; é cheio de história fascinantes".


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