Folha de S. Paulo


Você quer ser igual aos outros?

"Mãe, deixa eu ir ao shopping com meus amigos? Todo mundo vai"; "Pai, compra aquela chuteira? Todos da minha sala têm uma"; "Por que só eu não posso jogar esse game?".

Já usou uma frase parecida com essas, não? E eu sei o motivo: você queria tanto alguma coisa que decidiu apelar e dizer que "todo mundo tem" ou "todo mundo faz". Afinal, essa estratégia costuma funcionar.

Quando você diz "todo mundo", geralmente se refere a várias outras crianças ou a algumas crianças que conhece. Mas não é todo mundo, não mesmo!

Vamos pensar: por que desejar ter as mesmas coisas que alguns ou vários de seus colegas têm? Por que fazer as mesmas coisas que eles, jogar os mesmos jogos, usar o mesmo tipo de roupa, ter uma aparência semelhante? Por quê?

Para ser igual aos outros? Pois saiba que, por mais que tente, é impossível ser igual ao outro. Mesmo que faça ou tenha as mesmas coisas que um colega, você sempre será você.

E que sorte! Sorte sim! Já pensou se todos fossem muito parecidos? Que tédio seria a vida! Seria, mais ou menos, como olhar sempre para um espelho.

Vou contar uma coisa: todo mundo é diferente. Todos –agora me refiro a todo mundo de verdade– somos seres humanos, e isso é o que temos em comum. De resto, tudo é diferente.

Uma família não é igual a outra, casas, bairros e cidades não são parecidos, o corpo, a cor da pele, a voz e até o umbigo de cada criança são únicos!

É assim mesmo. Há diferenças que você enxerga logo de cara, mas há outras que ficam escondidas –ou que só vêm à tona quando conhecemos a pessoa por um longo tempo.

Então, em vez de querer ser igual aos outros, respeite as diferenças que você tem –e, claro, as diferenças que os outros têm em relação a você.

Parece fácil, mas não é. Muitos adultos ainda não aprenderam isso. Mas uma coisa é certa: o diferente sempre irá existir, e a vida é muito melhor quando há respeito.

Alexandre Beck

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