Folha de S. Paulo


Campeonato Paulista é o estadual com mais chances de zebra

Ale Cabral/Agif/Folhapress
William Pottker comemora após marcar o gol da vitória da Ponte Preta sobre o Santos, pelas quartas do Paulista, no Moisés Lucarelli
William Pottker comemora gol da vitória da Ponte Preta por 1 a 0 sobre o Santos no sábado (1)

Dos quinze Campeonatos Paulistas deste século, apenas três terminaram com os quatro grandes clubes nas quatro primeiras colocações. A história permite observar os jogos deste final de semana, projetar os do próximo, e perguntar qual é o gigante mais propenso a ser eliminado por uma zebra.

É diferente a situação dos outros estaduais. Desde 2001, o Rio teve um intruso entre os quatro mais bem classificados nove vezes, de quinze campeonatos. Em São Paulo, doze. A distância parece pequena, mas desde 2010, o Paulista registrou Santo André, Guarani, Ituano e Audax finalistas. No Rio, só em 2011 e 2014 um pequeno avançou para a semifinal.

Verdade que ser pequenino e chegar à finalíssima foi sinal de fiasco no ano seguinte para o Santo André, o Guarani e o Audax, rebaixados doze meses depois da decisão.

O Paulista melhorou em comparação com anos anteriores, pela redução do número de participantes. Mas é assustador o diagnóstico dos treinadores de que a parte tática melhorou mais do que a qualidade técnica. Também é ridícula a mudança de Linense x São Paulo para o Morumbi.

Apesar de se dizer que não vale nada, o Paulista revelou jogadores para os grandes. William Pottker jogou pelo Linense dois anos atrás. Vai para o Internacional, no segundo semestre. Tchê Tchê foi destaque do Audax e está no Palmeiras, Yuri também saiu de Osasco para o Santos.

Neste ano, é mais difícil encontrar a novidade. Talvez o centroavante Henan, do Santo André, autor de seis gols nos últimos quatro jogos. Na carência de centroavantes do país, Henan, de 29 anos, está muito mais para Hernane Brocador do que para Gabriel Jesus.

Só que melhorar o campeonato não acontece da noite para o dia. Há décadas, diz-se que o torcedor prefere Corinthians x Vasco a Corinthians x Botafogo de Ribeirão. Em duas décadas, o futebol brasileiro conseguiu tirar relevância do Vasco e diminuir o número de clássicos aos quais você tem de assistir, mesmo no Brasileirão.

Nem transformamos o Brasileiro no campeonato fabuloso que tem vocação para ser e ainda passamos duas décadas dizendo que o estadual não vale nada.

O que vale sempre é o clube.

Se o Corinthians está em campo, vale muito. Se o São Paulo enfrenta o Linense neste domingo, tem de haver 40 mil espectadores. Quando o Palmeiras entrar em campo contra o Novorizontino, o estádio tem de estar lotado. Não por ser Paulistão ou Paulistinha. Porque se trata do Corinthians, do Palmeiras, do Santos, do São Paulo...

O Paulista ao menos tem o elemento surpresa. Nesta edição, mais enxuta na fase de classificação e por isso com mais partidas decisivas a partir das quartas-de-final, a chance de a zebra repetir-se diminui. Há jogos de ida e volta, em vez de eliminatória em um só jogo, como quando o Corinthians foi eliminado pelo Audax, em 2016, ou o São Paulo pela Penapolense, em 2014.

Mesmo assim, é mais difícil cravar que os quatro grandes disputarão as finais em São Paulo do que dizer que Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco ocuparão as quatro primeiras posições do Rio. Ou que Real Madrid e Barcelona dividirão as duas primeiras colocações na Espanha.


Endereço da página:

Links no texto: