Folha de S. Paulo


Igual à era Pelé

Se vencer o Palmeiras hoje, o Santos igualará uma marca que só a era Pelé foi capaz de produzir: chegará à sua oitava final de Campeonato Paulista consecutiva. Hegemonia semelhante só existiu entre 1955 e 1962, período em que o Santos sempre foi o campeão ou o vice.

Bi em 1955 e 1956 antes da estreia do Rei, foi segundo colocado em 1957 –a derrota corintiana na última rodada contra o São Paulo deixou o Santos à sua frente. Também ficou em segundo lugar em 1959 e ganhou o troféu em 1958, 1960, 1961 e 1962.

A supremacia terminou em 1963, com o Palmeiras campeão e o São Paulo em segundo. A hegemonia atual tem quatro troféus em sete finais. Como 53 anos atrás, o Palmeiras tem a chance de encerrar a sequência. Se vencer no tempo normal ou nos pênaltis, vai tirar o Santos da decisão estadual pela primeira vez desde 2009.

Estranha soberania.

Há dez anos, o Santos ganhou o Paulista e encerrou um jejum de 22 anos, que só não o incomodava por causa das conquistas de dois Brasileiros, com Robinho, no início do século. Ser campeão paulista naquele tempo servia apenas para recolocar o nome do clube na galeria dos vencedores. Questão de justiça histórica.

De 2006 para cá, o Santos foi campeão ou vice em nove dos dez campeonatos disputados. Ganhou a Libertadores e a Copa do Brasil, mas não voltou a vencer o Brasileirão. Faz falta.

Há três anos, a estratégia de marketing na Vila Belmiro previa usar os times de garotos e de estilo envolvente à capacidade de sedução de crianças e adolescentes. Formaria, assim, novas gerações de torcedores apaixonados por um jeito de jogar alegre e insinuante. Milan e Barcelona definiram estratégias semelhantes, mas nenhum time deixou este legado de maneira tão evidente quanto o Santos de Pelé.

Antes da hegemonia santista no Campeonato Paulista, o Palmeiras foi o último clube capaz de chegar tantas vezes em primeiro ou segundo lugar. Vice em 1992 e 1995, foi campeão estadual em 1993, 1994 e 1996. Por seis anos consecutivos, foi campeão ou vice.

Somavam-se as taças de dois Brasileiros em 1993 e 1994, a Copa do Brasil e a Mercosul em 1998. O ápice foi a Libertadores de 1999, festejada por um garoto que, então aos 7 anos, alegrava-se com os gols de Alex, Oséas, Paulo Nunes e Evair: Neymar.

Era difícil ser santista naquele tempo...

Vencer o Paulista será importante para o Santos manter sua supremacia ou para o Palmeiras garantir o segundo ano com troféu. Mais importante para os dois clubes é traçar o plano para que as conquistas estaduais não sejam glória efêmera. O Santos tem trabalho de revelações de jogadores e montagens de equipes fortes o bastante para voltar a brigar pelo título brasileiro. O Palmeiras trabalha a reconstrução de sua estrutura física para sonhar com taças seguidas, como as que seduziram Neymar 20 anos atrás.

Vencer o clássico de hoje e ganhar o Estadual é parte do caminho. Ano passado, houve sete clássicos, todos com vitória do dono da casa por um gol de diferença. No único Palmeiras x Santos deste ano, houve empate. O retrospecto torna respeitável a crença de que os pênaltis podem decidir se o Santos vai ou não vai igualar a era Pelé.


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