Folha de S. Paulo


Descobertas

A passagem de Tite pelo Corinthians, entre 2010 e 2013, ficou marcada pela palavra justiça. Ele mesmo e muitos jogadores apontavam para decisões tomadas e justificadas, que reforçavam a concorrência entre os jogadores sem dividir o elenco, porque a percepção era de que sempre jogava quem estava melhor.

Tite fez duas mudanças no primeiro turno deste Brasileiro que transformaram o ânimo da equipe eliminada da Libertadores e iniciaram a retomada para brigar pela taça.

O Corinthians estava em sétimo lugar quando Ralf perdeu de vez a posição para Bruno Henrique. Foi depois da derrota para o Santos, na oitava rodada. De lá para cá, o campeão do turno não perdeu mais.

"Perco marcação, mas ganho no passe", justifica Tite. No pior momento do Corinthians neste ano, os laterais eram muito marcados. As melhores apresentações sempre tiveram Fagner e Uendel —ou Fábio Santos— como válvulas de escape, homens do primeiro passe. Quando foram marcados, a bola tinha de sair com Ralf e não chegava boa no ataque.

Editoria de Arte/Folhapress

Bruno Henrique corrigiu isso.

A segunda decisão foi trocar Vagner Love por Luciano no intervalo da partida contra o Vasco, na 16ª rodada. O Corinthians era vice-líder e havia marcado vinte gols em 15 jogos inteiros. Nos três jogos e meio a seguir, marcou dez vezes e Luciano foi o autor de cinco, o último deles o golaço de ontem, contra o Avaí.

O Corinthians confirmou o título do primeiro turno contra o Avaí porque contou com a sorte, as defesas de Cássio, os erros dos árbitros e os gols de Luciano. Também porque mudou questões fundamentais nos momentos certos.

Ao mesmo tempo, o Atlético-MG enfrentou o Grêmio iluminado, quinta-feira passada. Também se atrapalhou por ter precisado mexer na linha dos três meias. As perdas de Dátolo e Luan por lesão, a entrada de Cárdenas pela direita, depois o retorno de Dátolo. Mudanças demais.

No início do primeiro turno, o Atlético sofria na defesa por tentar jogar com um volante só e o argentino Dátolo fazia a função de segundo marcador. Perdeu pontos no empate contra o Atlético-PR em Curitiba, Santos no Independência e no clássico contra o Cruzeiro. Mudou quando jogou pessimamente contra o Joinville.

O retorno de Leandro Donizete estabilizou a defesa.

O Atlético continua na luta e o Brasileirão fecha o primeiro turno com a menor diferença entre o líder e o sétimo colocado desde 2009 —o Flamengo virou aquele turno dez pontos atrás do primeiro colocado e terminou campeão.

Está claro que o campeonato pode ser decidido na última rodada e por uma alternativa tática decidida na hora exata.

No primeiro turno, os árbitros podem ter tomado decisões erradas. Tite escolheu as mudanças certas.

LOGO AGORA?

Parecia que Juan Carlos Osorio estava achando seu caminho, chegando ao time mais forte do São Paulo, quando caiu de forma acachapante contra o Goiás. Rogério machucado ficou fora. Mexer em peças chaves, mesmo as que não jogam bem, pode ser por não conhecer exatamente as forças que se enfrenta no Brasileiro.

PODE MELHORAR

Como o São Paulo, o Palmeiras paga o preço de não ter um time estável. Ontem, oscilou demais dentro do mesmo jogo. Houve a reclamação de pênalti em Guerrero e chances concretas no primeiro tempo. O Palmeiras levou a virada e a boa notícia é a capacidade de reação. Também a diferença de pontos para a zona da Libertadores.


Endereço da página:

Links no texto: